Durante os meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020, seis crianças vieram a óbito no Vale do Javari, na cidade de Atalaia do Norte, distante cerca de 1.136 quilômetros de Manaus. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 4 mil indígenas de diversos povos moram no município e lá está localizada a maior reserva de indígenas sem contato com povos não indígenas. A maioria das crianças são da etnia Kanamary, oriundas de aldeias situadas no rio Itacoaí.
Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denuncia que os indígenas ficam em barcos aguardando o recebimento de aposentadorias e bolsa-família. Em condições sanitárias precárias, comuns no município, todos acabam consumindo água sem tratamento e, por isso, as crianças são as mais afetadas.
Esse é um fato que já ocorreu outras vezes. Em 2012 houve um surto de diarreia, novamente devido ao consumo de água sem tratamento; dessa vez quatro crianças morreram.
Dados do IBGE apontam que em 2017 foram 31,41 óbitos por mil nascidos vivos, o quarto maior índice de mortalidade infantil do Amazonas e um dos maiores do Brasil, enquanto apenas 0,8% do esgoto é coletado, enquanto o resto é despejado diretamente no rio. Esse cenário constata as condições de atraso que os trabalhadores do município estão submetidos.
Canoas ancoradas à beira da orla da cidade abrigam famílias abandonadas pelo governo. Foto: Cimi Regional Norte I