AM: Em meio a pior estiagem dos últimos anos, prefeitos gastam milhões em shows de sertanejo

Cerca de 167 mil pessoas estão sob risco direto pela pior estiagem dos últimos anos no AM. Enquanto isso, prefeitos do estado continuam a gastar milhões em cachês milionários de artistas pops já consolidados, que chegam a R$ 500 mil por evento.
Envira está em situação de emergência por causa da seca. Foto: Divulgação/Defesa Civil

AM: Em meio a pior estiagem dos últimos anos, prefeitos gastam milhões em shows de sertanejo

Cerca de 167 mil pessoas estão sob risco direto pela pior estiagem dos últimos anos no AM. Enquanto isso, prefeitos do estado continuam a gastar milhões em cachês milionários de artistas pops já consolidados, que chegam a R$ 500 mil por evento.

Cerca de 167 mil pessoas, majoritariamente camponeses pobres, indígenas, quilombolas e pequenos comerciantes, estão sob risco direto pela pior estiagem dos últimos anos no estado do Amazonas. Cerca de 55 dos 62 municípios amazonenses estão sob situação de emergência. Enquanto isso, prefeitos do estado continuam a gastar milhões em cachês milionários de artistas pops já consolidados, que chegam a R$ 500 mil por evento.

Até o final do ano, a estimativa é que o número de pessoas atingidas pela crise chegue até 500 mil. Os moradores mal conseguem se locomover entre as cidades e nem buscar recursos e alimentos em seus locais de moradia.

Em meio a essa crise generalizada, as prefeituras dos municípios de Humaitá, Manacapuru, Barreirinha, Parintins, Tabatinga e Novo Airão acham por bem gastar cachês milionários trazendo artistas sertanejos nacionais para seus eventos, conforme apurado pelo portal Radar Amazônico.

Dentre os artistas convidados constam Mano Walter, Zé Vaqueiro, Tarcísio Acordeon etc. Os cachês (os que foram divulgados) apontam gastos de R$ 250 mil até R$ 500 mil por show em cada um dos municípios. Todos os artistas tocarão em “Feiras Agropecuárias” das respectivas cidades que estão “Em Situação de Alerta”.

Tragédia natural ou consequência do latifúndio?

Seca 2023 em Benjamin Constant. Foto: Rôney Elias/Rede Amazônica
Estiagem afeta comunidades em Benjamin Constant. Foto: Rôney Elias/Rede Amazônica
Seca no alto Solimões, no Amazonas. Foto: Rôney Elias/Rede Amazônica

Em nota oficial, a Defesa Civil aponta que esse fenômeno tem no seu principal causador a escassez de chuvas em decorrência do fenômeno climático conhecido como “El Ninõ”. Os estudiosos do tema, entretanto, destacam um outro fator: o latifúndio. Segundo os pesquisadores, a catástrofe está diretamente relacionado ao avanço da chamada “agropecuária” e da mineração desenfreada na região amazônica.

Em 2022, o doutor em climatologia e pesquisador peruano Jhan Carlos Espinoza, em entrevista ao National Geographic, afirmou que: “As mudanças climáticas globais não são o único fator, porque isso também está muito ligado com a mudança na cobertura do solo na Amazônia, convertido de vegetação nativa para uso na agropecuária ou mineração.”

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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