O estudante de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi assassinado pela Polícia Militar enquanto caminhava para a casa, no dia 6 de outubro. O estudante foi alvejado quando os policiais dispararam desenfreadamente para separar uma briga corporal entre duas pessoas na Comunidade Raio de Sol.
[Atualização 10/10, às 13h12: A família, investigando sobre os acontecimentos, descobriu que o que houve na operação não foi uma briga corporal, mas as PM estava perseguindo um carro no momento que passou pela rua do rapaz. A população, assustada, correu para esquivar da perseguição e Marco Aurélio foi baleado.]
Testemunhas afirmam que, após a ação injustificável e inconsequente dos policiais assassinos, os militares não prestaram o correto socorro. Eles colocaram o estudante no camburão e o conduziram até o Hospital Platão Araújo, mas a vítima acabou por falecer por hemorragia [atualização, 10/10 às 13h12: as testemunhas do fato relatam que Marco Aurélio só foi levado para o hospital após muita pressão dos moradores que se revoltaram com a execução sumária da rapaz].
Em depoimento, os parentes da vítima afirmaram que souberam que, após o ocorrido, os policiais envolvidos no caso não fizeram sequer um Boletim de Ocorrência e que, segundo a vizinhança, os mesmos já carregam fama de truculência no bairro.
‘Aluno exemplar, ser humano extraordinário’
Marco era aluno do quinto período do curso de Comunicação Social da UFAM e não tinha nenhuma passagem pela polícia. O estudante também era fundador de uma marca de roupas na cidade.
Em nota, o canal oficial do curso de Relações Públicas da universidade afirma: “Sua partida prematura deixa um vazio imenso em nossa comunidade acadêmica e em nossos corações. Marco era mais do que um aluno exemplar, era um ser humano extraordinário. Sua constante alegria, engajamento incansável, tranquilidade e determinação inspiraram a todos que tiveram a honra de conhecê-lo”. Nos comentários, centenas de comentários de colegas de sala rememoram a vida do jovem e clamam justiça para esse brutal crime.
Em entrevista exclusiva ao AND, um familiar da vítima afirmou: “ele nunca se meteu com coisa errada, ele sempre fazia o bem”. Segundo ele: “foi uma covardia o que aconteceu ontem”.
Os estudantes e a polícia
O caso aumentou ainda mais a repercussão da discussão sobre o papel das polícias no seio das universidades. Há alguns meses, os estudantes da UFAM realizaram uma grande manifestação em repúdio a violência policial no campus, após um estudante ser detido com truculência pela Polícia Federal em uma manifestação.
O reitor da Universidade, Sylvio Puga, porém, avança na militarização da universidade sob justificativa de “coibir os assaltos”. Em novembro de 2022, ele solicitou via ofício um posto fixo da Polícia Militar na entrada do campus.
Alunos associados ao movimento estudantil, porém, questionam as decisões desde sempre: “Existem milhões de iniciativas que os próprios pesquisadores da UFAM apontam que podem coibir os assaltos na universidade. Colocar um posto da PM na UFAM significa aumentar o risco de truculência e perseguição contra os estudantes, pois a PM está treinada e preparada para uma guerra contra seu próprio povo”
Até o momento de fechamento dessa matéria, não houve nenhuma manifestação sobre o caso nas redes sociais da reitoria da UFAM.