AM: Estudantes de Manaus declaram apoio aos estudantes perseguidos da UERJ

Foi publicada uma nota, escrita pelo CA de Psicologia da UFAM, declarando apoio à recente ocupação da UERJ e em defesa da luta estudantil combativa. O documento contou com a assinatura de 13 entidades estudantis. O Correspondente do AND conversou com exclusividade com uma ativista que redigiu a nota para maiores esclarecimentos.
Dessa forma, queremos que esse tipo de mobilização e coragem para luta, seja aplicada na UFAM quando necessário. — Foto: CAPSICO UFAM

AM: Estudantes de Manaus declaram apoio aos estudantes perseguidos da UERJ

Foi publicada uma nota, escrita pelo CA de Psicologia da UFAM, declarando apoio à recente ocupação da UERJ e em defesa da luta estudantil combativa. O documento contou com a assinatura de 13 entidades estudantis. O Correspondente do AND conversou com exclusividade com uma ativista que redigiu a nota para maiores esclarecimentos.

Foi publicado, no dia 08/10, uma nota de solidariedade e apoio à recente ocupação da UERJ e em defesa da luta estudantil combativa. A nota foi escrita pelo Centro Acadêmico de Psicologia da Universidade Federal do Amazonas e contou com a assinatura de mais 12 Centros Acadêmicos e a Executiva Amazonense de Estudantes de Pedagogia.

A nota inicia dando um parecer informativo sobre as justas motivações da ocupação da universidade estadual, assim como descrevendo o brutal processo de reintegração de posse movimento pelo estado, que foi respondido pelos estudantes com luta. Segundo a nota:

“Essas são as mesmas forças militares de um terrível histórico brutal e violento contra a periferia pobre e negra do Rio de Janeiro. Essas forças repressivas de segurança promoveram um espetáculo de violência: agressões, bombas, cassetetes, tiro de borracha, spray de pimenta e perseguição aos estudantes dentro e FORA da universidade.”

Logo a seguir, o manifesto afirma que:

“É inadmissível que os estudantes lutando pelos seus direitos de permanência, sejam tratados como inimigos. A reitoria ao lembrar o período da ditadura empresarial-militar, evidencia a histórica tentativa de elitização dos espaços públicos, distanciando cada vez mais as classes populares do pleno exercício de seus direitos. Assim, a reitoria, sob a direção de Gulnar e Bruno Deusdará, em vez de buscar um diálogo democrático entre as entidades e os órgãos deliberativos institucionais para garantir que as vozes dos estudantes fossem ouvidas, priorizou a manutenção dos privilégios de governantes que buscam o desmonte da educação pública.”

Por fim, declaram que:

“O CAPSICO e as demais entidades que assinam esta nota entendem que o direito às nossas bolsas de permanência estudantil foram conquistadas e asseguradas, através da histórica atuação dos movimentos estudantis organizados em vários cursos e universidades do país. Por isso, manifestamos nossa total solidariedade aos estudantes da @ocupareitoriauerj que foram perseguidos, reprimidos e detidos por lutarem por sua permanência estudantil e por seus futuros!”

Assinaram a nota, em concordância com o manifesto:

CAADM – Centro Acadêmico de Administração – UFAM, CAMUSI – Centro Acadêmico de Música – UFAM,  CALLI – Centro Acadêmico do Letras Libras – UFAM, CAGEO – Centro Acadêmico de Geografia – UEA, CACS – Centro Acadêmico de Ciências Sociais – UFAM, CACHA – Centro Acadêmico de História – UAM, CAPE – Centro Acadêmico de Pedagogia – UFAM, CACEN – Centro Acadêmico de Enfermagem – UFAM, CAFAR – Centro Acadêmico de Farmácia – UFAM, CAJOR – Centro Acadêmico de Jornalismo – UFAM, CABIO – Centro Acadêmico de Biologia – UFAM e a Executiva Amazonense de Estudantes de Pedagogia – ExAmEPe.

O Correspondente Local do Jornal A Nova Democracia em Manaus teve uma conversa exclusiva com uma das dirigentes do Centro Acadêmico de Psicologia que redigiu a nota. A estudante nos contou mais sobre as motivações por detrás da campanha de solidariedade aos estudantes da UERJ:

“Nos motivamos a escrever a nota porque queremos abrir os olhos dos estudantes e professores, sobre os interesses antagônicos dos estudantes vs gestão da universidade burguesa, imposto pela luta de classes. Como falamos na nota, os diversos direitos às bolsas que temos só foram possíveis pelo movimento estudantil organizado, e a cada dia isso entra em choque com os verdadeiros interesses dos capitalistas, em um neoliberalismo cada vez mais violento, que coapta quem antes era minimamente de esquerda. 

Muitos não entendem a estrutura do por que disso acontecer, não se atentando a luta que acontece agora, o dos que se mobilizam contra a defasagem dos que vendem nossos direitos tão facilmente”, afirma ela.

Sobre o exemplo combativo dos estudantes da UERJ e seus reflexos na UFAM, a estudante afirma que:

“Dessa forma, queremos que esse tipo de mobilização e coragem para luta, seja aplicada na UFAM quando necessário. Nunca em caráter derrotista de aceitar facilmente qualquer avanço contra os direitos dos estudantes, seja em qualquer tipo de negociação de conciliação entre esses interesses divergentes que são inegociáveis a qualidade de vida da classe oprimida. (…) Entendemos que é importante construir um diálogo solidário entre os movimentos emergentes de todo o país, compartilhando experiências, debatendo a linha das decisões que foram feitas naquela conjuntura, para pensar nas especificidades de cada local”.

Ainda, sobre o vergonhoso papel que o oportunismo cumpre, enquanto traidores da luta popular e comprometidos com as classes dominantes, afirma-se que:

“Como fez a reitoria da UERJ, composta por setores social-liberais, como PSOL e PT, que ao se defrontar com seu orçamento sufocado pelo regime de recuperação fiscal, imposto ao estado do Rio de Janeiro, preferiu se alinhar a essa política em uma falsa postura ‘’democrática’’ para manter relação de boa aparência com o governo de direita de Lula (PT) e com o governo do estado (PL).”, diz ela.

E essa postura, segundo a dirigente, não muda quando se fala do oportunismo no seio do movimento estudantil:

“Podemos contrastar esse cenário (do oportunismo no movimento estudantil da UERJ e sua colaboração com a reitoria) com a conjuntura do DCE da UFAM, formada pela UJS, que é marcada por golpes institucionais e desmobilização da luta estudantil numa busca somente por benefícios pessoais na carreira política de seus integrantes. É de se esperar que, se esse tipo de ataque aos estudantes acontecer na UFAM, muito provavelmente enfrentaremos uma linha rebaixada do DCE e de outras organizações que se dizem de esquerda, em uma tentativa de um acordo tático com quem negocia os nossos direitos.”

Por fim, a estudante encerrou sua fala com uma mensagem clara:

“Enfim, tudo que ocorreu na UERJ é um alerta a toda comunidade acadêmica do oportunismo instalado na universidade burguesa que temos no Brasil, e a necessidade de uma dura resistência e unidade de ação por uma universidade pública popular, acessível e de qualidade que seja composta pelo povo e sirva ao povo.”.

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