Desde o dia 12/03 alunos estão acampados na coordenação do curso de Medicina no Instituto de Saúde e Biotecnologia de Coari, cidade distante em linha reta a 366 Km de Manaus no Amazonas, onde funciona um campi da Universidade Federal do Amazonas.
A ocupação é apenas um dos atos de diversos protestos organizados por alunos contra a falta de professores no curso, fato que ocorre desde sua autorização pelo Ministério da Educação, os alunos do 4º período estão sem aulas desde o início do semestre letivo em 05/03 e atualmente são os mais prejudicados, além disso relatam também que mesmo nas disciplinas já cursadas a falta de professores é algo recorrente.
Outro desafio enfrentado pelos alunos é a falta de infraestrutura, atualmente o prédio que irá abrigar os laboratórios do curso está em construção desde 2016, segundo informações da reitoria a previsão de conclusão das obras físicas é agosto de 2018, porém não há previsão para instalação de equipamentos, enquanto a biblioteca do curso não possui os livros específicos ou quando possui está em baixa quantidade, prejudicando os alunos dos demais cursos. Relato comum de todos os alunos é a elaboração e encaminhamento de diversos documentos para a reitoria cobrando melhorias a curto, médio e longo prazo.
Desde a aprovação do curso no interior do Amazonas pelo Ministério da Educação, a UFAM vem promovendo concursos para contratação de professores para o curso, contudo as mesmas não são preenchidas devido a baixíssima remuneração oferecida, atualmente o piso salarial dos médicos de acordo com a Federação Nacional dos Médicos é de R$ 13.847,93 para 20 horas semanais, enquanto a carreira de magistério para as universidades federais oferece R$ 2.183,85, para 20 horas semanais incluso gratificação por especialização, sendo adicionado apenas vale alimentação.
Segundo professores do curso de medicina de Manaus a proposta do curso foi rejeitada em diversas reuniões na Faculdade de Medicina, justamente devido não apenas a falta de infraestutura adequada, além da dificuldade de contratação de professores, devido baixos salários, mas também por não haver garantias de fixação de médicos na região, devido a criação do curso na cidade, dados do Censo Médico realizado pelo Conselho Federal de Medicina apontam que o interior do Amazonas possui aproximadamente 300 médicos para atender cerca de 2 milhões de habitantes, atualmente a maioria dos alunos são oriundos de outros Estados, principalmente da região sudeste do país.
Alunos de outros também sofrem com a mesma falta de infraestrutura e também entenderam que apenas a luta pode mudar isso, por volta das 10h da manhã do dia 15/03 os alunos em conjunto com os professores da UFAM, realizaram um ato exigindo melhorias na infraestutura do campi, além da contratação de mais professores pela reitoria. Alguns alunos relataram falta de equipamentos de proteção individual, além de diversos problemas estruturais nos laboratórios, um deles está sem água para manutenção há cerca de três meses, assim como os alunos do curso de medicina, eles também relataram a elaboração e encaminhamento de diversos documentos ao longo dos anos, contudo suas demandas nunca foram atendidas, enquanto os professores afirmam que o campi de Coari está sucateado seja pela estrutura que está precária, seja pela falta de materiais didáticos, seja pela deficiência de professores, seja pela pesquisa e pela extensão que são realizadas com extrema dificuldade, diversos estudos apontam que esse contexto de sucateamento influencia diretamente na qualidade de formação dos profissionais, seja ela técnica e/ou política.