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No Amazonas, milhares de pessoas participaram de atos contra os cortes de verbas das universidades públicas no dia 15 de maio. Ocorreram atos em todos os campi da UFAM e na maioria dos campi do IFAM.
Em Manaus os atos iniciaram por volta das 6h30 da manhã, na entrada do campus da UFAM. Centenas de estudantes, professores e técnico-administrativos participaram do ato que interditou uma das principais avenidas da cidade a manhã toda, mesmo sob forte chuva.
No início da tarde, cerca de 15 mil pessoas realizaram outro ato no centro da cidade. Estiveram presentes, além dos estudantes da universidade públicas, estudantes de faculdades particulares, estudantes secundaristas e trabalhadores, entre eles os professores da rede estadual de educação, em greve há cerca de 1 mês por reajuste salarial e melhorias nas escolas. O ato iniciou na Praça da Saudade percorrendo a Av. Epaminondas, a Av. 7 de Setembro e a Av. Eduardo Ribeiro, até a praça do congresso.
De acordo com o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas, professor Dr. Marcelo Vallina, os atos de hoje buscam defender a universidade pública, pois os cortes na educação já vêm ocorrendo muitos anos antes da EC 95, cada vez mais precarizando o sistema educacional brasileiro, assim como a produção científica. “Nós já estamos esse problema de orçamento desde a aprovação da Emenda Constitucional 95. Estamos, na UFAM, com cortes que já vem desde 2010. Isso dificulta propor uma política de educação de qualidade. Como vamos formar profissionais desde a creche até a universidade sem recursos para isso?”, indaga Vallina.
Já Luma Bonet, aluna do curso Integrado em Administração do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), afirma que os estudantes já não aguentam mais essa precarização do ensino que está atingindo até mesmo a alimentação do estudantes. “Esse é um dinheiro que poderia pagar três anos de alimentação grátis. Nós estamos muito acordados para os atos desse governo, que, mais do que nunca, quer sucatear a educação”, completou.
O estudante do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Kallel Paiva, denuncia que a direção do IFAM (Campus Zona Leste) confirmou que irá reduzir a alimentação disponibilizada no Restaurante Universitário até o fim deste ano. “Pode até acabar, disseram. O auxílio estudantil também será diminuído”, lamentou.
Já o estudante de Engenharia Química da UFAM, Gilcllys Silva, denuncia que, por conta dos cortes, perdeu sua bolsa de pesquisa. Além dele, outros alunos também foram prejudicados. “Tive que mudar de linha de pesquisa. Metade da turma tem bolsas vindas do governo federal e foram prejudicados. É triste porque nós geramos mão de obra pro Estado e não enxergam isso”.
Carregando cartazes e diversas faixas, os estudantes e trabalhadores demonstraram sua insatisfação e disposição para lutar com unhas e dentes contra o avanço da precarização da educação, da ciência e da tecnologia no país.
Faixa do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) com a inscrição: ‘Contra os cortes de verbas! Em defesa da autonomia e democracia nas escolas e universidades!’
Atos foram realizados também no Interior do estado
No Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia da UFAM (ICSEZ), localizado em Parintins, foi realizada uma exposição de projetos de pesquisa e extensão para os trabalhadores da cidade, além de uma aula pública sobre a “reforma” da Previdência.
O professor Lucas Milhomes destacou que o ato foi realizado em conjunto com os professores das escolas da rede pública que estão em greve há cerca de 1 mês. “A resposta contra o avanço da precarização da educação pública será dado nas ruas”, afirmou, prosseguindo: “Fizemos uma programação durante o dia todo, com aulas públicas, e agora à tarde estamos nos encontrando com a categoria do município e do estado contra os cortes e a favor da educação pública. A resposta vai ser nas ruas, mostrando que a nossa luta é pela educação pública de qualidade e não por cortes, mas por investimento”, pontuou.
Já a trabalhadora da educação Aldirene Cordeiro afirmou que a população não irá aceitar isso de maneira pacífica e defenderá a educação pública nas ruas. “Infelizmente, o atual desgoverno pensa que pode fazer o que quiser, mas a população, quando se sente acuada, mostra a que veio e invade as ruas. O Brasil não é um gigante adormecido, ele acorda quando sente necessidade de acordar. E estamos acordando porque a universidade pública hoje está correndo um sério risco”.
No município de Benjamin Constant foi realizado um ato por volta das 9h, no Instituto de Natureza e Cultura (INC) da Ufam. No Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET) da UFAM, em Itacoatiara, o ato aconteceu por volta das 7h30, no Bosque das Seringueiras. No Instituto de Educação, Agricultura e Meio Ambiente (IEAA), na cidade de Humaitá, o ato ocorreu às 16h, na rotatória principal da cidade. Em Coari, no Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), também ocorreu um ato por volta das 16h.
Também em Coari, alunos da turma de administração do IFAM realizaram um ato na Feira Alternativa da cidade. De acordo com o professor de Geografia do IFAM, George Reis, eles convocaram os demais trabalhadores a participarem dos atos contra os cortes na educação pública. “O objetivo dos alunos foi, de fato, chamar atenção e pedir ajuda dos moradores para que todos possam lutar juntos para que o IFAM não feche suas postas. Nossos alunos só pedem que a Instituição tenha condições financeiras para continuar com suas atividades na cidade”, disse.