Foto: Daisy Melo
Na manhã do dia 15 de maio, diversos estudantes do campus Manaus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) realizaram um combativo ato em defesa da universidade pública. O ato iniciou por volta das 6h da manhã em frente a UFAM na Avenida Rodrigo Otávio, um dos principais acessos a Zona Franca de Manaus.
Por volta das 8h, após breve interrupção da chuva, um grupo de estudantes bloqueou um dos lados da Av. Rodrigo Otávio durante 5 minutos e posteriormente liberaram. Mesmo sob forte chuva, aos poucos o número de estudantes e professores aumentou. Por conta do grande trânsito no horário, o congestionamento da região se agravou. Cerca de 20 minutos depois o outro lado da avenida também foi bloqueado.
Após 40 minutos de bloqueios parciais, os estudantes, de maneira independente, decidiram interditar um dos lados da avenida. Nesse momento, a PM tentou impedir a interdição, porém sem sucesso. Posteriormente, alguns professores e dirigentes da União Nacional do Estudantes (UNE/UJS/UJC), no carro som também, orientaram os estudantes a não interditar a via e apenas manter o bloqueio a cada 15 minutos.
De maneira combativa, os estudantes ignoraram a intervenção da PM e as orientações da UNE/UJS/UJC, sendo que os demais professores e técnicos em educação realizaram a interdição definitiva de um dos lados da avenida. Segurando vários cartazes e entoando palavras de ordem – como: “Ô Bolsonaro, seu fanfarrão, eu vou pra rua defender a educação” e “Não vai ter corte, vai ter luta” -, os estudantes denunciaram as precárias condições da UFAM e como o corte de cerca de R$ 38 milhões, segundo dados da Reitoria, irá promover o avanço do sucateamento e precarização da universidade em geral, assim como dos projetos de pesquisa, extensão e da já precária assistência estudantil.
Foto: Reprodução
Por volta das 9h a chuva se intensificou. Mesmo assim, os estudantes realizaram uma passeata interditando completamente um dos lados da Av. Rodrigo Otávio em direção a rotatória do Coroado, retornando pelo outro lado da Av. Rodrigo Otávio até o Mini Campus da UFAM. De acordo com alguns professores, um ato desse tamanho não era realizado desde 2013, período em que a juventude combatente saiu as ruas também exigindo melhorias na educação e contra os grandes eventos do imperialismo.
Vários estudantes se mostraram insatisfeitos com a posição dos dirigentes da UNE, de alguns professores e de alguns técnico-administrativos que, mesmo diante da vontade e disposição da massa, tentavam a todo momento orientar os estudantes para não interditar a avenida. Nesse momento nem mesmo a PM realizava esse trabalho. Com o avanço da chuva e grande quantidade de estudantes, poucas viaturas permaneceram no local. Durante o início do ato estavam presentes cerca de 15 viaturas, sendo a maioria da Força Tática, fato que demonstra claramente uma tentativa de intimidação dos estudantes, que foi frustrada.
A estudante do 5° período do curso de enfermagem da Ufam, Flavia Beatriz, denuncia que esse corte atinge toda a universidade, principalmente os campi do interior do Amazonas, além de precarizar ainda mais a produção cientifica. “Decidi participar, porque sou contra o corte de verbas para a universidade. Faço parte de projetos de pesquisa e extensão e sei o quanto isso nos afeta. Não só aqui na capital, mas também nos interiores. Vale lembrar que as universidades públicas respondem por mais de 95% da produção científica no Brasil”.
Nos demais municípios do Amazonas os estudantes, professores e demais trabalhadores também realizaram atos, sendo alguns deles em conjunto com as demais instituições de ensino superior.