Rodoviários exigiram vacinas e protestaram por direitos trabalhistas negados. Foto: Shirley Stolze
Na manhã do dia 10 de maio os trabalhadores da empresa Global Green realizam um ato na garagem da empresa localizada na Avenida Autaz Mirim, Zona Leste de Manaus. O ato iniciou na madrugada, sendo encerrado no final da manhã. Cerca de 30% da frota da empresa ficou na garagem. Apesar da tranquilidade do ato, a Polícia Militar estava presente em mais uma tentativa de intimidar os trabalhadores.
Entoando palavras de ordem, como VACINA! VACINA! VACINA!, os trabalhadores exigiam a vacinação dos rodoviários da empresa, assim como das outras empresas. Até o momento a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA) e tampouco a Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM) não definiram um cronograma para a vacinação dos rodoviários, apesar do alto número de casos e óbitos por Covid-19 apenas em Manaus.
Não há números oficiais do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano Rodoviário de Manaus e Região Metropolitana (STTRM), nem do SUS, acerca dos rodoviários infectados e óbitos causados por Covid-19. Considerando, porém, as precárias condições dos ônibus, associada às precárias condições de vida das massas, a doença encontra um cenário muito favorável para se alastrar, ou seja, as estimativas são as piores possíveis.
Para vacinar policiais, justiça compara forças militares aos trabalhadores da saúde
Apesar da baixa quantidade de vacinas disponíveis no SUS, em março foi iniciada a vacinação de cerca de 14 mil integrantes das forças repressivas do Amazonas (policiais e bombeiros). As forças militares do Velho Estado não fazem parte dos grupos prioritários de vacinação, conforme o Plano Nacional de Imunização do SUS (PNI – SUS). Contudo, a justiça federal, em decisão, chegou a comparar a atuação das forças militares aos trabalhadores da saúde que estavam na linha de frente nos hospitais.
Além dos riscos sanitários, os trabalhadores denunciavam novamente o atraso nos salários e pagamento dos demais direitos trabalhistas, além da falta de pagamento dos reajustes já definidos em reuniões anteriores com os empresários. Apenas em 2021 já foram realizados 2 grandes atos em Manaus. Outros atos nas garagens de algumas empresas também vêm sendo realizados, conforme noticiou o AND.
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Uma das lideranças sindicais, Josenildo Mossoró, denuncia a falta de vacinas: “O grupo está pedindo a vacinação dos trabalhadores e também o reajuste. Muitos amigos nossos já morreram e a vacinação é para todos. Somos um grupo que está na linha de frente, somos um grupo prioritário. Foram vitimados cerca de 50 trabalhadores.”
Além da crise sanitária, a liderança denuncia também a persistência dos atrasos nos pagamentos dos salários: “Não tem FGTS, INSS, ticket alimentação e a categoria sem vacina, trabalhando de graça não dá. O sistema pode parar geral, caso não seja atendido essa pauta da categoria. Estão em atraso há cerca de 3 meses. Caso não efetuem o pagamento, não descartamos outra paralisação”
Enquanto proíbe protestos, justiça não obriga empresários a pagarem salários dos trabalhadores
Legislando em causa da patronal, o judiciário do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) atacou os trabalhadores com a expedição de uma determinação do pagamento de multa no valor de R$ 200 mil por hora. A decisão saiu durante a tarde do dia 10 de maio.
Em decisão emitida ainda em maio, o TRT determinou que os trabalhadores da empresa Açaí também estavam proibidos de realizarem atos contra a falta de salários e demais direitos trabalhistas. A multa foi estipulada em R$ 100 mil por hora.
Em nota ao monopólio de imprensa o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que a greve foi um ato ilegal.
Na manhã do dia 5 de fevereiro, após a realização de mais um ato dos trabalhadores, o TRT emitiu ordem judicial proibindo todo e qualquer ato de paralisação dos rodoviários. A ação foi protocolada pelo Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros do Amazonas (Sinetram) na tarde do dia anterior.
A ordem judicial estabelece que os trabalhadores mantenham distância mínima de 500 metros das entradas das garagens e terminais, além de ficarem impedidos de bloquear avenidas. Em caso de descumprimento, será realizada prisão em flagrante com multa diária de R$ 80 mil sendo R$ 100 mil por hora ao Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano Rodoviário de Manaus e Região Metropolitana (STTRM).
Prefeitura repassa milhões aos empresários
Em entrevista no dia 12 de março de 2021, ao monopólio de imprensa Rede Amazônica, o prefeito de Manaus, o prefeito David Almeida (Avante) relatou que a prefeitura repassou apenas em fevereiro e março aos empresários do transporte “público” cerca de R$ 40 milhões. No dia 20/03 foi repassada mais uma parcela, porém seu valor não foi informado.
Em outro trecho de sua fala, o prefeito reconhece que o valor destinado aos empresários, apenas em fevereiro, cerca de R$ 24 milhões, é três vezes maior que o valor destinado ao auxílio manauara.
O auxílio foi anunciado durante a farsa eleitoral em novembro e irá atender 40 mil famílias em situação de extrema pobreza em Manaus. Cada uma receberá R$ 200 por seis meses. Apenas no primeiro dia de inscrição, cerca de 100 mil pessoas solicitaram o auxílio.