Foi divulgado, na última semana, uma foto do servidor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcelo Costa Mota, levantando uma bandeira do 2° Reich alemão e fazendo uma saudação nazista. Mensagens igualmente vazadas de grupos virtuais indicam também ligação de Marcelo com outros neonazistas. O vazamento e investigação foram feitos pela Revista Cenarium.
A fotografia foi publicada no dia 25/01, poucos dias após o mesmo gesto ter sido feito pelo ultra reacionário empresário Elon Musk durante a cerimônia presidencial de Donald Trump. Após a repercussão da foto, Marcelo afirmou em redes sociais que se tratava apenas de uma “brincadeira”.
Segundo o professor do curso de história da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) César Augusto Queirós, procurado pela Cenarium, afirma que “Claramente, ele está reproduzindo uma saudação nazista, o que se reforça pela utilização da bandeira do Segundo Reich. A águia, que é um símbolo da Alemanha, foi reapropriada e a suástica foi introduzida. Na cruz de ferro, que está na bandeira, também foi introduzida uma suástica no meio da cruz de ferro”.
Quem é Marcelo Mota?
Segundo informações no site da instituição, Marcelo é servidor da Embrapa em Manaus e trabalha enquanto técnico na chefia geral do Núcleo de Tecnologia de Informação da empresa, tendo ingressado no órgão ainda em 2008. Para além de servidor público, o homem também é dono de um selo independente de música Black Metal em Manaus, chamado Kingdom of Darkness Productions e afirma fazer parte dessa cena musical há décadas.
Na nota publicada nas redes sociais do selo, Marcelo afirma que, ao longo de sua trajetória na música, sempre foi “taxado como playboy, roqueiro de condomínio e ‘nazi’, pelo simples fato de ser branco, ter uma boa moradia, e sempre me cuidar e querer o melhor pra mim”, e afirmou ainda ser vítima de “difamação”.
Mensagens vazadas
Apesar de reafirmar na nota de esclarecimento que não é e nunca foi nazista, mensagens vazadas de um grupo de whatsapp pela revista apontam mais ligações com a ideologia por parte do servidor e os demais membros.
Em prints obtidos pela reportagem, algumas mensagens de conteúdo incriminatório têm sido vinculadas a um grupo de whatsapp administrado por Marcelo, que conta com pessoas de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Amazonas.
Com a liberação da matéria, um dos membros do grupo afirma que “se o comunista p** no c* ainda tiver aqui, a gente vai para a cadeia”, referindo-se, possivelmente, a fonte da revista que vazou os prints.
Na mesma mensagem, esse mesmo homem ainda não identificado, vincula uma foto de uma tatuagem do Sol Negro em sua mão, símbolo do ocultismo nazista e afirma ter sido questionado por policiais sobre seu significado. O membro do grupo afirma que: “Falei para ele [delegado] que se trata de um sol negro e, para mim, na minha visão, tem o significado importante.” O homem afirma ainda que, ao explicar ao delegado, afirmou que “Sobre isso que ocorreria, sobre a opressão judaica sobre os alemães ninguém nunca falou”.
Horas após essa mensagem, outro integrante do grupo, de nome Rafael Junqueira Lima Teles, partiu em defesa de Marcelo Mota, quando teve a foto vazada, afirmando que: “Esquenta não […] Se quiser que eu ajude, posto uma foto do meu Mein Kampf autografado”.
A Embrapa, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que “não tem conhecimento” do caso, repudiou “de forma veemente manifestações como a retratada na imagem” e destacou que “está apurando os fatos para adotar as medidas cabíveis”.