Dados divulgados pelo IBGE no dia 20/09, indicam mais uma vez que as queimadas epidêmicas que atingem a região amazônica como um todo, e o estado do Amazonas, no específico, e geram uma intensa fumaça que se polui as capitais, estão ligadas ao crescente latifúndio no sul do estado.
As informações levantadas pelo instituto estimam, através do cruzamento de dados, que os municípios com maiores áreas de queimadas são também, os municípios que mais produziram carne bovina em 2023.
Nesse ranking de produção bovina, destacam-se no no topo os municípios de Lábrea (652,3 mil cabeças de gado), Boca do Acre (475 mil cabeças de gado) e Apuí (293 mil cabeças de gado). Nesse ranking, destacam-se também, com números significativos, os municípios de Manicoré e Novo Aripuanã.
Desses municípios, Apuí e Lábrea, que estavam dentre os 3 maiores produtores de carne bovina, estão entre os cinco municípios brasileiros que mais registraram queimadas. Os dados foram apurados através do Satélite de Referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Apenas na região amazônica, além de Apuí e Lábrea, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Boca do Acre estiveram entre os 20 municípios que concentram 85% dos focos de queimadas no ano de 2024, fatos que escancaram a ligação direta dos incêndios criminosos com o latifúndio.
Não é atoa que muitas dessas regiões, para além das próprias queimadas ilegais, também são palco de violentos conflitos por terra. O destaque aqui se faz novamente para o município de Lábrea, que tem sido um destaque na cobertura do AND nos últimos anos, ligando-se sempre a dura luta dos camponeses da região contra o latifúndio. Abaixo, seguem algumas das matérias que foram publicadas acompanhando os casos:
- Setembro de 2021 – AM: Fotojornalista é ameaçado de morte após registrar queimadas e desmatamentos
- Dezembro de 2023 – AM: Camponeses sofrem novos ataques de pistoleiros
- Junho de 2024 – AM: Prefeito latifundiário é condenado por manter trabalhadores em situação de servidão
- Junho de 2024 – AM: Grupo é preso por grilar terras no sul do Amazonas