Humberto Peixoto, indígena da etnia Tuiuca, do povo Utãpinopona foi assassinado por paramilitares em Manaus (AM) . Foto: Banco de Dados AND
No dia 2 de dezembro, Humberto Peixoto, de 37 anos, indígena da etnia Tuiuca, do povo Utãpinopona, de São Gabriel da Cachoeira (AM), foi brutalmente espancado por um grupo de paramilitares e faleceu cinco dias depois em decorrência da agressão.
O indígena foi torturado com pedaços de madeira no momento em que retornava para casa depois de uma reunião da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), por volta das 15h; a ação aconteceu atrás de uma feira no bairro Coroado, zona leste de Manaus. O ato covarde o deixou internado em estado gravíssimo, com afundamento do crânio, fêmur quebrado e perfuração na cabeça.
Além de ser membro da Copime, ele representava os povos indígenas como conselheiro suplente no Conselho Municipal de Manaus (CMS/MAO) e era catequista. Humberto trabalhou também como assessor da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN).
Em nota, a Copime declara: “Humberto é mais uma vítima da crescente onda de violência praticada contra os povos indígenas e a Mãe Terra. Uma violência muitas vezes apoiada pelo discurso de ódio contra as minorias de um sistema que desmonta direitos, monitora e criminaliza as lideranças e organizações e mata. Dessa forma entendemos que está legalizado as perseguições às lideranças e o processo de criminalização contra as mesmas”.
Quarto assassinato de indígenas em Manaus
Durante o ano de 2019 houve, além deste, mais três assassinatos de indígenas com atuação destacada na luta, em Manaus. Em 27 de fevereiro, o cacique Francisco de Souza Pereira, de 53 anos, foi executado na residência onde morava, na rua Bahia da Comunidade Urucaia, Conjunto João Paulo, bairro Nova Cidade. No dia 13 de junho, o cacique William Machado Alencar, conhecido como “Onça Preta”, da etnia Mura, também foi executado, alvejado com oito tiros dentro do Cemitério dos Índios.
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Em 6 de agosto, um dos líderes da etnia Apurinã, Carlos Alberto de Souza ‘Mackpak’, de 44 anos, foi executado com mais de dez tiros efetuados por paramilitares encapuzados no conjunto Cidadão 12, no bairro Nova Cidade, zona norte da cidade.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o número de assassinatos de indígenas no Brasil teve um crescimento de 22,7%. Só no ano passado, segundo o relatório, houve 22 tentativas de assassinato, 18 homicídios culposos, 15 episódios de violência sexual, 17 casos de racismo e discriminação étnico-racial, 14 ameaças diversas, 11 situações de abuso de poder e oito ameaças de morte.