Sem debater com a comunidade acadêmica, a reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), maior universidade pública do Amazonas decidiu integrar todo o sistema de vigilância interna do campus de Manaus ao sistema Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), gerenciado pelo aparelho de repressão do velho Estado.
O monitoramento iniciou em outubro deste ano, após uma sequência de assaltos na entrada do campus de Manaus. De acordo com dados da assessoria de comunicação da Ufam, houve o registro de três ocorrências policiais em outubro no Campus Manaus: uma detenção de infratores e dois roubos na paradas de ônibus de fora da Ufam. No entanto, a maioria dos casos não são registrados devido à negligência com que demais situações são tratadas pela reitoria, como, por exemplo, os inúmeros casos de assédio sexual que não são investigados.
A reitoria da Ufam chama a integração de acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). A reitoria irá integrar um sistema de 165 câmeras ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) que irá monitorar apenas parte da área total de 5.997.190,46 metros quadrados do Campus Universitário de Manaus e outras unidades fora do Campus, como o Centro de Artes, Biblioteca Central, Museu da Amazônia, Faculdade de Odontologia, Escola de Enfermagem e Faculdade de Medicina.
Mesmo com a atual legislação subentendendo a restrição do acesso da polícia ao Campus, associado ao histórico de repressão que as polícias praticaram durante a regime militar-fascista, a proposta do gerenciamento da universidade é ampliar o monitoramento e formalizar a já existente vigilância da PM, uma vez que eventualmente já se vê policiais militares fardados e viaturas dentro da universidade. “Estamos estudando, também, a possibilidade de um local permanente para esses policiais aqui na Ufam para o próximo semestre e licitar vigilância por drones. A parceria é esse contato mais próximo da Polícia Militar com a universidade que antes não havia.”, disse Carmem Silvia Viana Guimarães da prefeitura do Campus de Manaus da Ufam.
Ainda de acordo com o diretor de tecnologia da Ufam, Jorge Carlos Magno, as câmeras estão em locais estratégicos e possuem boa resolução.
Outra proposta é integrar o sistema de rádio-frequência da empresa de vigilância ao Ciops. “Hoje as câmeras estão posicionadas em pontos estratégicos da Ufam, alcançando basicamente todos os setores Norte e Sul e atendendo áreas prioritárias. São câmeras de qualidade profissional e com definição muito boa. Vamos, também, tentar fazer o funcionamento da rádio-frequência direto com o Ciops.”, afirmou o diretor de tecnologia.
Atualmente a Ufam está passando por graves restrições orçamentárias. Houve redução, por exemplo, na quantidade de bolsas de monitoria e na interrupção do programa de custeio da participação de alunos em congressos científicos. A Casa do Estudante está com obras paradas desde 2014 e, além disso, os valores das bolsas de moradia e auxílio estudantil não são reajustados há cerca de 10 anos, cenário que se reflete também na segurança patrimonial da universidade que atualmente conta com 160 vigilantes terceirizados.
Segundo a prefeita do Campus de Manaus, a restrição orçamentária é também um dos motivos para o projeto de integração com o Ciops. “Nosso orçamento para a segurança é de R$ 780 mil mensais e não temos mais como ampliar o contrato devido restrição nesse orçamento”, completou a prefeita.