Durante a manhã do dia 24 de junho, a equipe de AND acompanhou a imunização contra Influenza H1N1 dos residentes da Comunidade Sol Nascente, localizado no bairro Cidade Nova, Conjunto Francisca Mendes na zona norte da cidade de Manaus.
A ação organizada foi resultado da luta nas várias frentes dos povos indígenas. Desde o princípio da crise epidemiológica da Covid-19, sob a direção do cacique Domingos do povo Dessana, os indígenas evidenciavam a necessidade da força da organização popular para superação do panorama de desassistência à saúde indígena imposta pelo velho Estado genocida semifeudal.
Em abril, após a morte de Aldenor Basque Félix, 44 anos, professor e vice-cacique, os indígenas protestaram em frente ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Manaus pela liberação da vacina e atendimento para indígenas em contexto urbano, necessidade agravada em meio a pandemia.
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Após a ida até o DSEI, obtiveram respostas da unidade em conjunto com a Secretária de Saúde do Município de Manaus.
A comunidade se formou há mais de seis anos e reúne cerca de 12 povos que originalmente residiam no oeste e noroeste do Amazonas. Entre esses povos estão Dessana, Miranha, Tikuna, Saterê e outros, além de não indígenas, somando mais de 200 famílias.
O processo de formação das comunidades indígenas urbanas no AM
Atualmente o estado do Amazonas abriga 53% do total de sua população só em sua capital, Manaus. A extrema pobreza atinge quase 20% de toda população, e isso se reflete na expectativa de vida dos povos indígenas, que contam com quase duas décadas a menos comparado ao não-indígena.
A formação dessa e de outras comunidades indígenas em ambiente urbano se deu em um contexto de imigração e luta por garantias de existência. O processo de colonização na Amazônia impôs diversas formas de agressão contra os povos originários. O etnocídio praticado por missões salesianas no noroeste do estado no século XIX e XX e genocídio já no final do século XX no oeste, fomentaram deslocamentos dentro do estado do Amazonas.
Indígenas protestam na frente do DSEI Manaus por atendimento. Foto: J.Rosha/Cimi Norte I