AM: Prefeito latifundiário é condenado por manter trabalhadores em situação de servidão

Depois de 10 anos com o caso correndo na justiça, o prefeito e latifundiário de Lábrea, Gean Barros (MDB) é finalmente condenado por manter 37 pessoas, incluindo crianças, em situação de servidão em sua área de colheita de castanha-do-pará, no sul do Amazonas.
Prefeito de Lábrea, Gean Barros. Foto: Reprodução

AM: Prefeito latifundiário é condenado por manter trabalhadores em situação de servidão

Depois de 10 anos com o caso correndo na justiça, o prefeito e latifundiário de Lábrea, Gean Barros (MDB) é finalmente condenado por manter 37 pessoas, incluindo crianças, em situação de servidão em sua área de colheita de castanha-do-pará, no sul do Amazonas.

O prefeito do município de Lábrea, no sul do Amazonas, Gean Campos de Barros (MDB), foi oficialmente condenado no dia 27/05 por manter cerca de 37 pessoas, incluindo crianças, em situação análoga a escravidão em sua área de colheita de castanha-do-pará, na zona rural do município. 

O político e latifundiário foi condenado por manter vinte e sete homens, uma mulher e nove menores em regime de servidão, das crianças resgatadas, há jovens de até 11 anos de idade. O caso foi descoberto ainda em 2014 e acontecia em uma área privada de colheita de castanha-do-pará no Castanhal Nova Glória, às margens do Rio Tumiã, zona rural de Lábrea.

A sentença chega a afirmar que as vítimas, tanto os adultos como as crianças, carregavam sacos cheios de castanhas em trilhas na mata e manuseavam facões longos, conhecidos como terçados, para abertura dos ouriços, os frutos da castanha. Para além de não terem acesso a nenhum equipamento de proteção, condições sanitárias adequadas e nem água potável, os trabalhadores também não recebiam pagamentos em salários. Segundo o Ministério Público:

“Não havia pagamento regular de salário, mas somente e apenas o pagamento, ao final da safra, de pequeno valor, tendo em vista os descontos indevidos praticados”

Na época da descoberta do caso, Oscar Gadelha, genro do prefeito, confirmou o uso de trabalho infantil na área e defendeu o direito e mantê-las naquelas condições. “uma certa forma é até uma maneira de educar”, disse ele.

Barros, que teve uma pena total de 15 anos e 9 meses de prisão, teve também seus direitos políticos suspensos durante a vigência da condenação, o que resultou na perda de seu cargo. O homem foi também condenado a uma pena de 11.655 dias-multa e à reparação por danos no valor de R$50.000 para cada trabalhador adulto e R$100.000 para cada menor de idade que escravizou.

Outras acusações

Além do delito recente, o político do ‘Movimento Democrático Brasileiro’ foi sentenciado, em outubro de 2023, pela Justiça Federal do Amazonas, por não apresentar a prestação de contas dos recursos recebidos do Ministério da Educação (MEC).

Esta outra acusação ocorreu ainda em 2012, quando o réu recebeu R$1.142.857,20 do Ministério da Educação para a aquisição de veículos escolares e aparelhos de ar-condicionado para escolas municipais. No entanto, de acordo com o Ministério Público Federal, os recursos foram utilizados de forma indevida e a devida prestação de contas não foi apresentada.

Acomulam-se conflitos de terra no sul do Amazonas

Outro caso importante da mesma região de Lábrea que recorrentemente volta a essa tribuna é o estado de guerra a que os camponeses da Comunidade Marielle Franco estão submetidos. Já tendo denunciado dezenas de vezes perseguições, torturas, intimidações e demais atos de pistoleiros, a mando de grileiros e latifundiários locais, a comunidade encontra-se, atualmente, com o seu dirigente preso e sob constante ameaça de novos ataques.

Longe de representar uma mera coincidência, a centralidade da questão da terra, em especial, na região sul do estado, demonstra com clareza a centralidade de atuação do latifúndio em toda a região, estando intrinsecamente ligado com o velho Estado em todos os níveis.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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