Cerca de 300 indígenas realizaram um ato em frente à sede do governo do Amazonas, em Manaus, paralisando parcialmente o trânsito, na manhã do dia 8 de janeiro. Os indígenas, que lutam contra a reintegração de posse do assentamento indígena Comitêrio Indígena, localizado no bairro Nova Cidade (zona norte da capital), tentaram ainda ocupar a sede administrativa, mas foram impedidos pela Polícia Militar (PM).
O ato foi realizado em decorrência da notificação do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM) para a reintegração da área. Hoje, lá vivem aproximadamente 380 famílias de 17 etnias diferentes, sendo as principais Apurinã, Cambebas, Kokama, Mundurucus e Tucano. A notificação ordena a saída dos indígenas até 18 de janeiro.
A indígena Lucy Ferreira, da etnia Mundurucus, relatou que na notificação consta que o terreno possui dono e o mesmo solicitou a expulsão da comunidade. Lucy, no entanto, relata que os indígenas estão cansados de promessa. “O governador foi até nós e disse que ninguém sairia do terreno. Só que mês passado as famílias foram notificadas a deixarem o local até janeiro. Não temos pra onde ir nem como pagar aluguel. Estamos reivindicando apenas nossos direitos como indígenas. Precisamos de moradia!”, protesta.
Os indígenas informaram que o local pertence à União e faz parte de um sítio arqueológico e, mesmo assim, foram notificados. Além disso, apesar das limitações, os indígenas realizam acolhimento aos haitianos e aos recém-chegados venezuelanos, conforme relata o Cacique “Onça Preta”, da etnia Mura.
“Estamos ocupando porque é uma área Federal. Um lugar nosso. Os povos de outros lugares, como venezuelanos e haitianos vieram e foram atendidos com casas para morar. Por que nós, povos indígenas, não temos a mesma oportunidade? Sabemos que é uma determinação federal, mas o estado pode intervir nessa situação”.