Sem direitos trabalhistas básicos como vale alimentação, vale lanche e cesta básica, os motoristas de ônibus protestaram mais uma vez na última sexta-feira, 12 de março. Foto: Reprodução
Por volta das 10h do dia 12 de março rodoviários de Manaus paralisaram mais uma vez suas atividades. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano Rodoviário de Manaus e Região Metropolitana (STTRM) denuncia que os trabalhadores estão há 50 dias sem receber vale alimentação, vale lanche e cesta básica. O ato foi encerrado por volta das 12h.
Somente em 2021 esse é o segundo ato contra a falta de pagamento dos direitos trabalhistas e novamente contou com a participação de rodoviários de todas as empresas. O AND vem denunciando as precárias condições a que estão submetidos os trabalhadores.
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Para não agravar o caótico trânsito de Manaus o ato foi realizado apenas na Zona Centro – Sul, nas proximidades do Terminal de Integração 1. Em outros bairros os ônibus circularam normalmente. Os ônibus foram estacionados em fila única ao longo da Av Leonardo Malcher e Av Constantino Nery e ao final do ato a fila já alcançava as proximidades do Parque dos Bilhares, formando cerca de 4 km.
Já no início do ato a polícia estava presente para intimidar o justo protesto. Além das viaturas da Polícia Militar (PM), estavam também as da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) que acompanharam todo o ato estacionadas na frente da sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas (Sinetram).
Além dos atrasos, os trabalhadores também denunciam que não há cronograma de vacinação dos rodoviários, apesar do alto número de casos e óbitos por Covid-19. Conforme relata um dos trabalhadores que preferiu não se identificar: “também somos linha de frente, vários motoristas já morreram! Temos o direito de receber a dose da vacina”.
Não há números oficiais do Sindicato, nem do SUS, acerca dos rodoviários infectados e óbitos causados por Covid-19, mas considerando as precárias condições dos ônibus, associada às precárias condições de vida das massas, a doença encontra um cenário muito favorável para se alastrar, ou seja, as estimativas são as piores possíveis.
De acordo com uma das lideranças sindicais, Josenildo Mossoró, os empresários e a prefeitura de Manaus estão ignorando os constantes atrasos nos pagamentos. Em relato ao monopólio de imprensa, Rede Amazônica, ele denunciou: “nós estamos tentando conversar há um mês com o diretor do Instituto de Mobilidade de Manaus (IMMU). Ontem tivemos uma conversa com ele, mas não teve êxito. Tentamos conversar com o prefeito, mas não fomos atendidos e hoje aqui os companheiros não aguentam mais. Cesta básica e ticket-alimentação estão na faixa de R$ 850 por mês que a categoria está esperando receber já há um mês. [Nós estamos] Encarando a pandemia, [na] linha de frente e não tem alimentos”.
Em entrevista ao mesmo monopólio de imprensa o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) relatou que a prefeitura repassou apenas em fevereiro e março aos empresários do transporte “público” cerca de R$ 40 milhões. No dia 20/03 será repassada outra parcela de valor não informado.
Em outro trecho de sua fala, o prefeito reconhece que o valor destinado aos empresários, apenas em fevereiro, cerca de R$ 24 milhões, é 3 vezes maior que o valor destinado ao auxílio manauara. O auxílio foi anunciado durante a farsa eleitoral em novembro e irá atender 40 mil famílias em situação de extrema pobreza em Manaus. Cada uma receberá R$ 200 por seis meses e a previsão para início do pagamento é apenas em 16 de março. Apenas no primeiro dia de inscrição cerca de 100 mil pessoas solicitaram o auxílio.
Por sua vez, em nota ao monopólio da imprensa, o SINETRAM alega que os empresários foram surpreendidos pelo ato e desconhecem as razões do mesmo, mas estão à disposição para manter diálogo com o sindicato e para que não haja demissões.