Um grupo de 6 trabalhadores, imigrantes venezuelanos, foram libertados, no dia 14/05, de um frigorífico de carnes onde foi confirmado uma situação de trabalho análogo à escravidão. O caso ocorreu no bairro Mauazinho, na zona leste de Manaus.
Segundo informações divulgadas à imprensa, os imigrantes eram mantidos em trabalho servil, sob brutais condições, onde eram obrigados a fazer remarcação de alimentos impróprios para o consumo. Conforme relatado, os trabalhadores ficavam trancados o dia todo num galpão sem água potável, sem banheiros e com cachorros ferozes fazendo a segurança.
Em sua rotina, os homens eram forçados a adulterar a validade de produtos alimentícios que já se encontravam impróprios para o consumo, com o objetivo de serem revendidos, posteriormente, para mercados de médio porte da capital. Foram encontrados cerca de 20 toneladas de produtos adulterados, dentre eles carnes para hambúrguer, salsicha e outros tipos de processados.
O resgate desses trabalhadores retrata um problema histórico e crescente no país. Essa chaga é ancorada no latifúndio ainda existente no nosso país – que, inclusive, está diretamente ligado a negócios do ramo de frigorífico, como este. Um destaque sempre necessário é o papel de cobertura do monopólio de imprensa que protege esse modelo servil, com as suas propagandas do ‘Agro é Tech, Agro é Pop, Agro é Tudo’.
Casos de trabalhadores encontrados em condições servis de trabalho cresce no Brasil
Casos de trabalhadores resgatados em condições servis de trabalho não é algo novo no Brasil; em 2022, 2.500 vítimas foram resgatadas nessa situação, comumente denominada como trabalho análogo a escravidão, e 3.151 foram resgatadas no ano de 2023, conforme apurado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Amazonas, Alagoas, Amapá e Minas Gerais são os estados onde há maior concentração desse tipo de exploração.
Como ressaltado, o principal patrocinador do dito trabalho análogo à escravidão segue sendo o latifúndio, sendo que em 2022, no município Varjão de Minas, 273 trabalhadores foram resgatados no corte de cana e o recorde histórico é da Usina Pagrisa, em Ulianópolis (PA), com um resgate de 1064 trabalhadores em 2007.
Deve-se destacar também que há cumplicidade do governo perante a esses crimes contra o povo, que favorece esse tipo de regime diretamente, tal como a publicação da portaria 1.129/2017, que tornava menos rígida a caracterização do trabalho análogo à escravidão e dificultava o resgate de trabalhadores e trabalhadoras nessa condição.