No dia 6 de janeiro, foram assassinados três indígenas do povo Miranha da Terra Indígena (TI) Cajuhiri Atravessado, município de Coari na Região do médio Solimões, localizado a 363km de Manaus. Joab Marins da Cruz foi assassinado em sua casa, na aldeia durante a noite de segunda feira. Marcos Marins da Cruz e Francisco Martins da Cruz foram mortos por volta das 06h do dia seguinte, após localização e perseguição aos autores dos disparos contra Joab.
O presidente da associação de comunidades indígenas de Coari (ACIC), Francisco Alves da silva afirmou que o conflito entre moradores da aldeia Cajuhiri atravessado acontece há muito tempo. Segundo ele, na aldeia vivem indígenas e não indígenas. Joab e seus familiares foram mortos supostamente por conflitos devido a extração de castanha na localidade.
Francisco alega que familiares dos indígenas mortos já tinham registrado ocorrência na delegacia de Coari e na fundação nacional do índio (Funai) alertando que uma tragédia poderia acontecer, nenhuma providência foi tomada. O presidente da ACIC diz ainda que podem acontecer outros conflitos de gravidades semelhantes.
Disputa por territórios e violência contra os indígenas
Pode-se afirmar que o indígena vem sendo cada vez mais postergado e violentado pela sociedade mesmo tendo seus direitos assegurados constitucionalmente.
Sabe-se que o direito à terra conquistado com um forte embate pelos indígenas vem sendo violado. Mediante a tantos fatores que contribuem para esse impasse, pode-se destacar disputa por terras promovida pelo latifundiários que fomentam ainda uma visão estereotipada do indígena. Mineradores e latifundiários muitas vezes insatisfeitos com a demarcação de terra acabam entrando em conflito direto com os nativos, assim levando a um genocídio indígena.
Segundo Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2018, sistematizado anualmente pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nos nove primeiros meses de 2019 ocorreram 160 casos de invasão em 153 terras indígenas, em 19 estados. Ainda em 2018 foram registrados 135 casos de assassinato. Em relação à “violência contra a pessoa”, foram registrados 110 casos em 2018, sendo eles: abuso de poder (11), ameaça de morte (8), ameaças várias (14), homicídio culposo (18), lesões corporais dolosas (5), racismo e discriminação étnico cultural (17) tentativa de assassinato (22) e violência sexual (15).
Protesto contra o genocídio sofrido pelos povos indígenas em 2018.
Foto: Mobilização Nacional Indígena