Vendedores ambulantes do Distrito Federal (DF) têm relatado uma série de agressões e roubos de mercadoria por parte da Polícia Militar (PM) e agentes do governo. As denúncias foram relatadas ao correspondente local de AND. No dia 2 de junho, uma “ação de fiscalização” realizada no meio da tarde terminou com uma truculenta ação da PM, que usou gás lacrimogêneo para expulsar os vendedores do local de trabalho.
O episódio se soma a uma série de investidas por parte do governo distrital, encabeçado por Ibaneis Rocha (MDB), como já denunciado por esta tribuna. O projeto privatista do governo, que entregou a gestão da rodoviária à iniciativa privada na calada da noite, tenta impedir a atuação dos comerciantes no local, seja por meio da violência policial, seja por meio da transferência compulsória para outros espaços e exigência de identificação individual.
“Para a gente está sendo muito difícil, porque muita gente depende desse trabalho e desse lugar exatamente para sustentar sua família, seus filhos. […] Tem gente também que está com depressão, porque perde as coisas, coisas em que a gente investiu dinheiro, sabe? […] Semana passada, pegaram o pano de uma menina que vende sandálias aqui embaixo. Ela foi agredida, jogaram spray de pimenta na cara dela.” relatou a comerciante Ana Carolina ao AND.
Segundo o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, os ambulantes que não se regularizarem serão expulsos da rodoviária. A mensagem de terror, que ignora as dificuldades burocráticas do processo de formalização do comércio, é reforçada em caixas de som no local. “Mas eles não vêm aqui falar com a gente, ajudar com a regularização. A única coisa que fazem é chegar de carro e correr atrás da gente”, denunciou Ana.
Outro comerciante, Hildemberg Costa, denunciou que a incerteza dos ambulantes só cresce com a privatização da rodoviária. “Os planos da empresa não incluem os vendedores ambulantes, que ficam à mercê do Estado, que prometeu uma resposta, mas não entregou nada. O que foi falado na mídia foi muito particular do secretário. Ele falou que estava em reunião com as lideranças, porém foi uma declaração mentirosa, não tinha reunião com as lideranças. Ele falou que o governo tinha oferecido no setor comercial ou no shopping popular, mas isso não foi feito.”.
“A regularização é incerta, e as pessoas não têm informação sobre, a primeira liberação que teve foi mandando procurar a administração para receber a autorização de trabalho por um período. Tirar o pão para entregar migalhas nós não queremos, tem pai e mãe de família aqui que entraria em uma briga fácil para lutar pela mercadoria, local e sua sobrevivência”, afirma.