No dia 24 de abril, Mumia Abu-Jamal, ex-membro do Partido dos Panteras Negras, completou 70 anos. O ex-pantera negra conseguiu o direito de participar de uma celebração realizada na Universidade da Cidade de Nova York (Cuny), no qual fez questão de denunciar os crimes de guerra do Sionismo. Em sua intervenção, realizada pelo telefone, ele fez questão de defender a Resistência Nacional Palestina, encorajando os estudantes e todo o povo norte-americano a “fazer tremer a terra” para se solidarizar com o povo Palestino.
A comunidade acadêmica da Cuny é composta majoritariamente por estudantes filhos da classe operária, e grande parte dos estudantes e dos professores são pretos. Muito presente na vida cultural e social norte-americana, a Universidade decidiu em 1984 cortar todos laços com empresas que apoiavam o regime do apartheid da África do Sul. Hoje, estudantes e professores pró-palestina estão exigindo que as universidades divulguem e rompam os acordos com as empresas pró-sionistas, entre elas a indústria militar sionista, a Amazon e a Google (a empresa possui contrato de 1,2 bilhões de dólares com o Estado de Israel).
Mumia Abu-Jamal é um destacado ativista defensor do povo preto norte-americano e expressão viva de resistência ao imperialismo ianque. Em 1982, quando já fazia parte do Partido dos Panteras Negras da Filadélfia, Abu-Jamal foi acusado de ter assassinado o policial Daniel Faulkner no estado da Filadélfia um ano antes.
Ele passou quase trinta anos em uma solitária esperando ser cumprida sua pena de morte até que a Corte Federal considerou que haviam irregularidades na sentença e decidiu converter a pena de morte para prisão perpétua. Atualmente, a “justiça” ianque nega o direito à liberdade condicional para o ex-pantera negra.
Mas nada disso impede que o povo norte-americano, ano após ano, saiam às ruas para denunciar o seu caso como um exemplo claro do racismo do Estado ianque e exigem a sua imediata libertação. Mumia Abu-Jamal é frequentemente convidado para ser o orador de turmas de formaturas de várias faculdades por todo o Estados Unidos, participando delas através de gravações desde a prisão em qu está encarcerado.
Discurso de Mumia Abu-Jamal em apoio à Palestina:
“É algo maravilhoso que vocês decidiram não se manter em silêncio e decidiram falar contra a repressão que vocês estão vendo com os seus próprios olhos. Vocês são parte de algo massivo, e vocês são parte de algo que está no lado correto da história.”
“Vocês estão contra um regime colonial que rouba as terras dos povos nativos daquela área. Eu exorto a vocês, imploro-lhes que falem contra o terrorismo que está a afligir Gaza com toda a sua vontade e toda a sua força. Não se curvem perante aqueles que querem vê-lo em silêncio.”
“É tempo agora, neste dia, neste momento, de sermos ouvidos e de fazermos tremer a terra até que o povo de Rafah, o povo de Gaza, o povo da Cisjordânia, o povo da Palestina possam sentir a nossa solidariedade para com eles.”
“Este é o tempo deles. Quando surgem momentos radicais, temos de agarrá-los com as duas mãos. Quando vemos a carnificina, a mega-morte que se abateu sobre os territórios ocupados da Palestina, é preciso que ergamos a nossa voz e digamos a verdade ao povo, falando realmente contra este castigo maciço contra o povo por se atrever a lutar pela sua liberdade, pela sua terra.”
“Quando penso nos palestinos, penso nos povos indígenas dos Estados Unidos… Israel e os Estados Unidos são Estados coloniais, vieram para tirar a terra aos povos em ambas as situações – tentando fazê-lo na Palestina da mesma forma que o fizeram durante centenas de anos nos Estados Unidos. Como é possível que os povos indígenas, os povos originais, naquilo a que agora se chama os Estados Unidos, vivam em reservas e na pobreza?”
“Os guetos de Gaza são demasiado grandes para o apetite dos israelenses e dos invasores. Eles querem colocá-los em reservas ou eliminá-los. Chegou o momento de falar, de falar e de estar ao lado dos oprimidos de Gaza e da Cisjordânia”.
“O povo de Gaza está lutando para ser livre de gerações de ocupação. Então não é o bastante, irmãos e irmãs, demandar um cessar-fogo. Exijam o fim da ocupação, cessar a ocupação, e que seja este o grito de guerra de vocês, porque é esse o apelo que a história da qual todos vocês fazem parte.”
“Vocês fazem parte de algo magnânimo, magnífico e que muda a alma e que muda a história. Não deixem escapar este momento, façam com que ele seja maior, façam com que ele seja mais massivo, mais poderoso, façam com que ele ecoe até às estrelas. Estou emocionado com o trabalho de vocês: eu amo vocês!”