Milhares de servidores públicos ocuparam a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) após o deputado Ricardo Arruda (PSL) provocar os servidores que assistiam à sessão plenária. A ocupação iniciou-se no dia 9 de julho e interrompeu a sessão, na qual os deputados votavam a reposição salarial dos servidores em 5,09% até 2022.
A massa de manifestantes que estava em frente a Alep irrompeu nas galerias e corredores e a sessão teve de ser suspensa. Após a saída dos deputados, os servidores gritaram: “Sem a data-base ninguém sai!”. Segundo o comando da greve dos servidores estaduais, a ocupação irá continuar.
Ato reúne cerca de 30 mil servidores estaduais
A ocupação ocorreu após a realização de um ato que reuniu mais de 30 mil servidores estaduais do Paraná. Os servidores marchavam em defesa da data-base, contra punições e perseguições aos servidores, e pela demissão do secretário de educação do Paraná, Renato Feder.
A concentração ocorreu às 9h na praça 19 de Dezembro e, depois de uma hora e meia, os manifestantes saíram em direção ao Palácio Iguaçu, sede do governo do estado e da Alep. Estiveram presentes professores, funcionários de escolas, servidores da saúde e segurança pública, entre diversas outras categorias, incluindo estudantes e professores das redes municipal e federal.
A principal reivindicação é o pagamento de 4,94% referente à inflação dos últimos 12 meses e a negociação dos valores atrasados. De acordo com o comando da greve, as perdas acumuladas ultrapassam 17%, uma vez que os salários estão congelados desde 2016.
No entanto, desde a deflagração da greve dos servidores públicos estaduais, no dia 26 de junho, o governo do estado apresentou somente uma proposta de reposição imediata de 0,5%, com parcelamento de outros 4,5% em três anos, o que gerou grande revolta nos servidores.
Justamente a reposição dos salários foi uma das principais propostas do governador Ratinho Júnior (PSD), mas, de acordo os sindicatos, este sequer aceitou receber os servidores. Ratinho alega que a reposição poderia “quebrar” o estado, enquanto deixa de cobrar mais de R$ 10 bilhões dos grandes empresários e latifundiários paranaenses.
A greve
De acordo com os sindicatos organizadores, a greve tem adesão de 80% dos servidores estaduais e mais de 40% das escolas paralisaram completa ou parcialmente.
Desde o dia 26 de junho, centenas de servidores estão acampados na praça Nossa Senhora de Salete, em frente à Alep, organizando diversas atividades de mobilização para a greve, como manifestações e piquetes em escolas.
O Comitê de Apoio ao AND de Curitiba esteve presente no acampamento, realizando uma brigada de venda e distribuição de jornal. Durante as conversas, dezenas de servidores mostraram sua indignação também com o governo Bolsonaro, tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas, as maracutaias na “Lava Jato” e a “reforma” da Previdência, concordando que a saída é a mobilização para um grande Levante de Resistência Nacional.