No mesmo final de semana em que latifundiários e pistoleiros deixaram 10 indígenas feridos nas retomadas da TI Lagoa Panambi, em Douradina, Mato Grosso do Sul, um outro ataque atingiu um acampamento camponês na zona rural de Dourados, capital do estado. Tudo indica que o ataque aos camponeses foi uma retaliação, pois os trabalhadores acampados prestaram uma visita de solidariedade à TI Lagoa Panambi no mesmo final de semana.
O ataque começou com um cerco de 10 caminhonetes contra o acampamento, seguido de um incêndio criminoso na vegetação circundante. O acampamento concentra centenas de famílias. “São cerca de 300 famílias. Nosso acampamento tem crianças que estão sofrendo com inalação da fumaça, foram socorridos a tempo. Uma criança desmaiou por falta de ar e alguns barracos foram atingidos”, denunciou um membro da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que organiza o acampamento.
Os camponeses afirmam também que os latifundiários dificultaram a chegada dos bombeiros ao acampamento.
O ataque representa uma escalada na violência latifundiária das últimas semanas no estado. A TI Lagoa Panambi está cercada por pistoleiros e latifundiários há duas semanas. No final de semana, os ataques escalaram depois que a Força Nacional abandonou a região, mesmo ciente do risco de um massacre.
Os indígenas denunciam que o massacre pareceu um plano conjunto dos latifundiários, pistoleiros e forças repressivas. Antes de serem alvos dos ataques, os camponeses do MST foram parados na pista por agentes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF). Os agentes fotografaram as placas dos carros e documentos pessoais dos camponeses e afirmaram que eles seriam autuados por invasão de propriedade privada. Segundo os trabalhadores, nenhum outro carro foi parado.
Cada vez mais, se desenha no MS um cenário para um violento confronto entre os pistoleiros e latifundiários ladrões de terra e os povos do campo. O governo, até agora, segue inerte frente à situação, apesar das visitas de Luiz Inácio ao estado. Muitos indígenas e órgãos denunciam a morosidade do presidente.
Sem aguardar uma resposta oficial para garantir a defesa de suas terras, os indígenas preparam o terreno, convocam apoio e prometem defender as retomadas “até a última gota de sangue”.
O AND seguirá acompanhando de perto a situação. Na semana passada, correspondentes estiveram presentes na Retomada e produziram uma reportagem especial sobre o confronto.
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