No dia 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa baśica de juros da economia, a Selic, em 0,5%. A queda ocorreu após o avanço das contrarreformas e medidas do governo em agrado ao imperialismo, como o “arcabouço fiscal” e a “reforma tributária”.
A redução da taxa ocorreu após meses de pugnas entre o presidente oportunista Luiz Inácio (PT) e outros membros do governo e a equipe do Copom, sobretudo Roberto Campos Neto, presidente do BC “independente” (leia-se, dependente do “mercado” imperialista).
A intriga se dava porque, enquanto Campos Neto buscava manter a taxa o mais alto possível para o benefício dos investidores imperialistas que lucram com os juros da compra de títulos da dívida pública, Luiz Inácio pretendia uma redução mediana a fim de retomar seu programa de endividamento em massa de famílias pela disponibilização de créditos a “juros baixos”, para dar a sensação (falsa, todavia) de que o padrão de vida subiu. A política pretendida por Luiz Inácio é a repetição da aplicada em seus primeiros mandatos, responsável pelo endividamento recorde de famílias brasileiras nos anos de 2010 e 2011.
Nesse cenário, a “reforma tributária” e o “arcabouço fiscal” foram fundamentais como moeda de troca para o acordo entre o governo oportunista e a equipe financeira que manda no BC. Uma vez que ambas agradam o imperialismo ao restringir os gastos do velho Estado, no caso do novo “teto de gastos”, e não tributar o latifúndio e os monopólios locais e estrangeiros, no caso da reforma tributária, a redução na taxa Selic tornou-se aceitável à oligarquia financeira internacional.
Apesar de toda a celebração do governo de coalizão de Lula/Arthur Lira, ainda não há sinais positivos da redução sobre as massas populares. O aumento no emprego prometido pela redução na taxa Selic não ocorrerá, uma vez que não é ela a causa fundamental do desemprego. Os níveis estrondosos de desemprego (ou “emprego” informal) são resultado da decomposição acelerada da economia, que se sustenta num modelo agroexportador latifundiário, que mantém o País como permanente semicolônia desindustrializada. Mas, nesse modelo, Luiz Inácio tanto não quer mexer, como incentiva e estimula.
A celebração da redução da taxa Selic limita-se às fronteiras dos grandes escritórios e gabinetes governamentais. Os juros seguem exorbitantes, assim como a extorsão das pequenas e médias empresas pelos impostos. Ao povo, não há nada a ser comemorado.