Após nove meses de governo, custo de vida e juros continuam altos

Inflação oficial, medida pelo IPCA, quase dobrou em agosto. Na comparação anual, o aumento subiu de 3,99% para 4,61%.
Comprometido com os interesses das classes dominantes, Luiz Inácio não consegue contornar a crise. Foto: Sérgio Lima/Poder360

Após nove meses de governo, custo de vida e juros continuam altos

Inflação oficial, medida pelo IPCA, quase dobrou em agosto. Na comparação anual, o aumento subiu de 3,99% para 4,61%.

A inflação oficial atingiu 0,23% em agosto, uma taxa de crescimento de 0,11% comparado à taxa de 0,12% do mês anterior. Na comparação anual, o aumento foi de 3,99% para 4,61% – a meta de inflação para este ano é fixada em 3,25%, com margem de tolerância de 1,75% a 4,75%. Os setores que mais empurraram a recente alta foram categorias essenciais, como gasolina e energia elétrica. Com a nova alta, a absurda taxa de juros mantida pelo Banco Central (BC) em 13,25%, dificilmente reduzirá. 

Para o mês de agosto, a alta da gasolina, com aumento de 1,24%, confirma que a gasolina tem sofrido altas constantes ao longo do ano apesar do fim da Paridade de Preços Internacionais (PPI), medida denunciada por engenheiros da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) como farsesca. O litro da gasolina já havia sofrido uma alta de 16,27% no início de agosto.

Na comparação desde janeiro, a gasolina e a energia elétrica se repetem como itens que mais tiveram alta, com crescimento de 13,02% e 7,35% respectivamente. Além destes, os planos de saúde tiveram alta de 8,24% e o ensino fundamental subiu em 10,63%.

Nos próximos dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá para definir se aumenta, mantém ou diminui a taxa Selic mantida no patamar exorbitante de 13,25%. Na última reunião, em agosto, o Copom decidiu por uma redução medíocre de 0,5%. Nesse cenário, o BC deve ainda aproveitar da dificuldade do governo com a inflação para impor como pré-requisito para redução da taxa de juros o cumprimento das promessas do novo arcabouço fiscal de aumento das receitas e déficit fiscal zero. Ao seu lado, o governo deve acolher a imposição, mesmo que com denúncias pontuais (que, aliás, nada modifica a situação de que o País está nas mãos dos banqueiros).

Além  da taxa Selic, o crédito rotativo (quando se paga somente uma parte da fatura, deixando a outra para o próximo mês) se mantém elevadíssimo. Em julho, a taxa atingiu 445,7% na média anual, uma alta de 8,7%. Já a taxa média de juros do parcelado do cartão aumentou 2,3%, atingindo a margem de 198,4%. 

É um cenário avassalador para o povo, já esmagado em dívidas. Esse ano, o número de inadimplentes com as dívidas atingiu 71 milhões de trabalhadores brasileiros. A proporção de consumidores endividados com o cartão de crédito é de 85,5%. Destaca-se que, no Brasil, 69% das compras feitas no cartão de crédito são de necessidades básicas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de março de 2022.

Não há sinais de melhora na qualidade de vida para o povo brasileiro. As recentes políticas de valorização do salário mínimo e aumento magro do mesmo, não serão o suficiente para fazer frente ao aumento da carestia. Mesmo com o decreto de Luiz Inácio de aumento, o salário mínimo ainda está mais de R$ 4 mil abaixo do que é avaliado pelo Dieese como o mínimo necessário para a sobrevivência. O governo, comprometido com os preços impostos pelo imperialismo e com os interesses das classes dominantes, é incapaz de contornar a crise geral. 

Para o próximo período, a tendência é a continuação da luta ativa das massas populares em defesa de melhores condições de vida. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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