Após ter aprovado a recriação da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), órgão vinculado ao Ministério da Saúde responsável por promover ações de saneamento e proteção da saúde, no dia 1° de junho, o governo federal precisa decidir quais partidos do “Centrão” serão agraciados com cargos e benefícios. Nos últimos dias, a crise política tem se agravado com as disputas pelas 27 superintendências da Fundação.
Inicialmente prometida pelo governo para o Republicanos, uma das siglas do “Centrão” que reivindicou a fundação, a Funasa hoje é disputada também pelo PSD e União Brasil. No dia 26 de setembro, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi cobrado por parlamentares do PSD pela decisão dos cargos. Em junho, o governo havia prometido entregar os cargos até o dia 14 de agosto, mas prorrogou para o dia 15 de setembro. Até agora, não houve decisão. A verdade é que, não importa para quem o governo entregue, ou como seja feita a divisão, nenhuma das siglas ficará inteiramente satisfeita.
A disputa desenfreada ocorre poucas semanas após a entrega de outros cargos, por parte do governo, ao “Centrão”, como os ministérios dos Esportes, entregue a André Fufuca (Progressistas), e dos Portos e Aeroportos, passado a Silvio Costa (Republicanos). No mesmo sentido, foi mantido o “orçamento secreto”. Em outras palavras, é a manutenção da velha política do “toma-lá-dá-cá”, baseada em agradar ao máximo os interesses do “Centrão” para garantir a aprovação de medidas e reformas. No caso de Luiz Inácio, a entrega serviu para garantir a aprovação das medidas favoráveis às classes dominantes, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas falhou para barrar a aprovação de medidas contrárias à credibilidade do governo oportunista e aos intresses das massas populares, como o “marco temporal”, aprovado com o aval massivo de parlamentares da “base do governo”.
Quanto mais Luiz Inácio entrega ao Centrão, mais se exige dele. E o governo, comprometido com os interesses das classes dominantes, não falha em atender prontamente o pedido. O cenário político é de uma bomba-relógio, propícia para explodir em crise política a qualquer momento.