Após revoltas, polícia israelense ameaça palestinos que vivem na Jerusalém ocupada

Após revoltas, polícia israelense ameaça palestinos que vivem na Jerusalém ocupada

Jovens atiram pedras contra forças da repressão israelense. Foto: Movimento pelos Direitos do Povo Palestino

Desde o dia 27 de junho o bairro de Isawiya, que fica dentro da Jerusalém Oriental, ocupada por Israel desde 1967, se ergueu em consecutivos protestos contra as forças policiais invasoras, após o assassinato de um jovem palestino por policiais israelenses. Mohammed Sameer Obaid, de 20 anos, foi morto com um tiro no peito durante um protesto contra a ocupação feita por Israel. 

Agora, de acordo com a agência de notícias Haaretz, moradores locais têm sido intimidados com multas e prisões forjadas como resposta da polícia aos levantes, que já somam mais de 80 palestinos feridos em diversas áreas da Jerusalém sitiada.

De acordo com a população de Isawiya, as ameaças são uma forma de punição coletiva pela atuação dos jovens do bairro nos confrontos recentes. Desde a morte de Obaid, a polícia de Israel posicionou postos de controle e barreiras nas entradas do bairro e tem parado quase todos os carros, registrado multas arbitrárias e maltratado transeuntes. 

Moradores denunciam que alguns policiais oferecem reduzir ou retirar a multa em troca de informações sobre os jovens que atiram pedras durante os confrontos nos protestos. As ruas estão vazias e as lojas, fechadas, por medo de sofrerem invasões de policiais. 

Atiradores de pedras em manifestação anti-Israel, em Isawiya, Jerusalém Oriental. Foto: AFP

Bairro é palco antigo da Resistência Palestina 

Durante sua adolescência, o jovem assassinado passou quatro anos em prisões israelenses devido a sua atuação política contra a ocupação sionista, e seu pai e sua irmã também são conhecidos presos políticos. 

O corpo do jovem foi sequestrado pelos soldados que estavam no local na hora em que foi ferido, reprimindo o protesto, e continua sendo mantido no hospital israelense Hadasa, mesmo após sua morte. Quando sua família tentou resgatá-lo, foi espancada por forças policiais dentro do próprio hospital. 

No dia seguinte ao seu assassinato, houve confrontos violentos registrados no campo de refugiados de Shu’fat e nos bairros de Al-Tur e Jabal Mukaber, em que rojões foram acesos e pedras foram atiradas contra o Exército de Israel e contra alguns postos do colonato israelense em Jerusalém.

No entanto, já faz anos que os moradores do bairro de Isawiya sofrem com a ação das forças invasoras, como as demolições de casas e intervenção militar nas ruas, que havia sido intensificada nas duas semanas que antecederam o protesto em que Obaid foi morto. 

A região é conhecida por sua atuação e mobilização contra a colonização sionista e é sitiada mais intensamente pelas forças invasoras que outras áreas da cidade. Abu Humus, por exemplo, é um famoso ativista pró-Palestina que também mora no bairro; anualmente ele organiza um protesto legal durante a Maratona de Jerusalém e é preso quase toda vez. Recentemente, Israel foi forçado a pagar 4 mil shekels (aproximadamente 1.120 dólares) ao manifestante como compensação por falsa prisão. Alguns anos antes, ele já havia recebido outra indenização pelo mesmo motivo, mas de 5 mil shekels. 

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