Um helicóptero da polícia sobrevoa reclusos em rebelião do telhado da prisão Villa Devoto, em Buenos Aires, Argentina, sexta-feira, 24 de abril de 2020. (AP Photo/Natacha Pisarenko)
Rebeliões e greves de fome estouraram por toda a Argentina no final do mês de abril, com os detentos revoltados contra a miséria e a superlotação dos presídios, agravados pelo risco à vida causado pelo coronavírus.
Até o dia 23 de abril, haviam 1.184 presos em greve de fome indefinida em Buenos Aires, sendo que grandes rebeliões aconteceram em dezenas de presídios espalhados pelo país, como em Chimbas, Las Breñas e Charatas, entre outros. Todas as rebeliões foram brutalmente reprimida pelos agentes do velho Estado.
Cerca de 200 prisioneiros na prisão de Chimbas, em San Juan, se revoltaram no dia 28 de abril, sendo que os guardas dispararam balas de borracha e usaram seus bastões para reprimir os presos, deixando cinco prisioneiros feridos, um dos quais estava em estado grave.
No dia anterior, um grupo de prisioneiros dos presídios Las Breñas e Charata tomaram dois guardas como reféns com facas. No mesmo dia 27, os prisioneiros do presídio da cidade de Mendoza se revoltaram. Os prisioneiros subiram aos telhados exigindo a aceleração da implementação de medidas “semilibertistas” para descongestionar os presídios superlotados.
Reclusos em rebelião queimam colchões do teto da prisão Villa Devoto para protestar contra “autoridades” que não estão fazendo o suficiente para impedir a propagação do coronavírus dentro da cadeia em Buenos Aires, Argentina, sexta-feira, 24 de abril de 2020. (AP Photo/Natacha Pisarenko)
No 26 de abril, presos do presídio Unidade Criminal n° 3, em Concordia, se revoltaram. O motim, que começara em uma cela e se espalhou por todas as alas e os prisioneiros queimaram colchões, sendo reprimidos inclusive com armas de fogo. Os prisioneiros exigiram que fossem tomadas medidas sanitárias para protegê-los do Coronavírus. A polícia cercou os arredores para evitar que parentes se reunissem perto do presídio.
Já, no dia 24 de abril, os presos do presídio El Borbollón, na Argentina, se revoltaram. Eles atearam fogo em lençóis e cobertores. Exigiram que a implementação de medidas sanitárias e “semi-libertistas” fosse acelerada, a fim de evitar a contaminação pelo Coronavírus. Os presos também denunciaram a má qualidade dos alimentos, o fim das visitas e a falta de produtos básicos de higiene. As forças de segurança intervieram com arma de fogo. No dia 26 de abril, os prisioneiros ainda estavam privados de eletricidade e água corrente.
Parentes de reclusos se reúnem fora da prisão Villa Devoto, em Buenos Aires, Argentina, sexta-feira, 24 de abril de 2020. Os motins eclodiram dentro da prisão, pois os detentos protestam que as “autoridades” não estão fazendo o suficiente para impedir a propagação do coronavírus dentro da prisão. (AP Photo/Natacha Pisarenko)
Também, em oito unidades do Serviço Penitenciário de Buenos Aires (SPB), foram registrados até o momento 1.184 presos em greve de fome indefinida. A exigência unificada dos presos é que eles sejam colocados em prisão domiciliar, conforme determina o Tribunal de Cassação.
Na Unidade Florencio Varela em específico, 25 prisioneiros estão em greve de fome no Pavilhão 11 da universidade. Houve uma revolta que terminou com uma morte que “está sendo investigada”. Nos telhados da prisão, os detentos mantinham um grupo de pessoas acusadas de estupro como reféns. Havia, no local celas destruídas, móveis quebrados e pedras, além vídeos dos detentos enfrentando as autoridades.
No dia 23 de abril, na Unidade 41 do presídio Campana foram registrados 332 presos em greve de fome, na Unidade 48 de San Martin 97 se juntaram ao protesto, entre outros.