Argentina: Após ‘decretaço’ anti-povo e vende-pátria, massas se levantam em rebelião na capital do país

No dia 27/12, trabalhadores argentinos voltaram às ruas pelo terceiro dia seguinte para protestar contra o decretaço de Milei e o pacote anti-protestos do presidente reacionário.
Manifestações estremecem governo de Milei. Foto: Luis Robayo/AFP

Argentina: Após ‘decretaço’ anti-povo e vende-pátria, massas se levantam em rebelião na capital do país

No dia 27/12, trabalhadores argentinos voltaram às ruas pelo terceiro dia seguinte para protestar contra o decretaço de Milei e o pacote anti-protestos do presidente reacionário.

No último dia 27 de dezembro ocorreu o terceiro dia de massivos protestos em Buenos Aires, capital da Argentina. As manifestações ocorrem após a assinatura de um “megadecreto” privatista e anti-povo por parte do recém-eleito presidente reacionário Javier Milei, e após a aprovação um pacote anti-manifestações que incrementa a repressão contra a luta das massas no país.

O contexto dos grandes levantes de massa no país é o do aprofundamento da crise econômica e política que aflige o país e da escalada das políticas privatistas e de “austeridade fiscal”. Leia-se, aplicação fiel da cartilha do Fundo Monetário Internacional, imposta no sentido de cortar do orçamento os gastos em serviços públicos, sobretudo os essenciais e que mais afetam as massas populares, e garantir o fiel pagamento dos intermináveis juros das dívidas públicas. 

Pacote anti-manifestações não intimida as massas

Os massivos protestos rechaçaram com veemência os recentes decretos de ampliação da venda de empresas estatais, desmonte de direitos trabalhistas e penetração do capital imperialista no país e o “pacote anti-manifestações” de Milei, voltado a cercear a liberdade de manifestação do povo ao proibir piquetes e fechamentos de avenidas, chegando ao cúmulo de submeter ao corte de benefícios sociais as pessoas que participarem de piquetes e bloqueios.

No entanto, mesmo com as medidas anti-protesto decretadas, as massas não se intimidaram e saíram às ruas aos milhares, realizando grandes bloqueios e piquetes por toda a capital argentina. A polícia reprimiu os manifestantes que bloquearam as avenidas e as massas responderam. 6 manifestantes foram detidos.

As massas ergueram faixas e gritaram palavras de ordem contra o “megadecreto”. Em uma das faixas, lia-se: Não ao ajuste de Milei! No final, a casta era o povo, referindo-se ao engodo do presidente fanfarrão que afirmava, em seus discursos de campanha, que combateria uma suposta “casta” que atrasa o país. 

O megadecreto de Milei: anti-povo e vende-pátria

O “decretaço” assinado pelo presidente fanfarrão poderá revogar mais de 300 leis de regulação da economia. Dentre as medidas, destaca-se a transformação de todas as estatais do país em sociedades anônimas, abrindo margem para o controle acionário de empresas de setores estratégicos do país, como energia, água e petróleo, o que configura uma desavergonhada entrega completa do país para a grande burguesia e o imperialismo. 

O presidente retirou também a restrição de compra de terras no país por parte de magnatas no imperialismo. A posse de latifúndios na Argentina por imperialistas já é um problema gravíssimo. Segundo um estudo de 2012, 22 empresas imperialistas do país controlavam 6,7 milhões de hectares de terra no país (em média 305,5 mil hectares para cada empresa). Outros 2,1 milhões de hectares eram controlados por “empresas combinadas” de capital “nacional” e imperialista. Além disso, enquanto as empresas estrangeiras eram de fato donas de suas terras, as empresas combinadas e argentinas funcionavam principalmente por sistema de arrendamento.

Destaca-se também as brutais mudanças na legislação trabalhista, repetindo o mesmo palavrório propagado pelos articuladores da reforma trabalhista brasileira, no qual seria necessário permitir que os contratos de trabalho sejam negociados entre o patrão e o empregado, sem que o Estado tenha alguma interferência. O decretaço enterra as leis trabalhistas e permite “mais facilidade para contratar e mais facilidade para demitir”, abrindo brecha para contratos sem quaisquer direitos para os trabalhadores e uma maior facilidade para demissões sem qualquer tipo de garantia.

A crise e a explosividade das massas

A Argentina vive há anos no contexto  de uma grave crise marcada pela inflação galopante no país, que em 2023 chegou a ter uma alta de 120%. A moeda do país se encontra absolutamente desvalorizada, situação que se agravou com a eleição de Milei com uma desvalorização de 54%, estando hoje o peso argentino equivalente a U$ 0,0012 dólares (R$ 0,0060 reais). Para as massas, a grave situação econômica se reflete em um aumento sem precedentes da carestia e escassez de produtos básicos, cujo sintoma foi a ocorrência de uma onda de confiscos de supermercados por toda a Região Metropolitana de Buenos Aires, como uma resposta das massas à grave situação.

O cenário de crise e aprofundamento das medidas de austeridade apontam para a tendência de elevar-se ainda mais a explosividade das massas, que certamente não aceitarão as medidas anti-povo e vende-pátria do novo presidente fanfarrão.

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