Argentina: Massas desafiam medidas anti protesto e vão às ruas em milhares em primeiro protesto contra Milei

No último dia 20, milhares de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires, na Argentina, em protesto aos ajustes fiscais sancionados pelo recém-empossado governo Milei
Polícia de choque em confronto com manifestantes em Buenos Aires, na Argentina. Foto: Luis Robayo/AFP

Argentina: Massas desafiam medidas anti protesto e vão às ruas em milhares em primeiro protesto contra Milei

No último dia 20, milhares de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires, na Argentina, em protesto aos ajustes fiscais sancionados pelo recém-empossado governo Milei

No último dia 20, milhares de pessoas tomaram as ruas de Buenos Aires, na Argentina, em protesto aos ajustes fiscais sancionados pelo recém-empossado governo Milei. Foi o primeiro grande protesto contra o novo presidente argentino, e a manifestação ocorreu mesmo após as medidas repressivas e antiprotestos desatadas por Milei e duas de suas ministras, voltadas a punir com multas e outros artifícios os manifestantes que bloquearem ruas durante protestos.

Tradicionalmente, organizações populares argentinas realizam protestos no dia 20 de dezembro para condenar o massacre da Praça de Maio de 2001. Nesse evento trágico, 39 pessoas foram assassinadas pela repressão policial durante uma manifestação que exigia a renúncia do então ministro da Economia, Domingo Cavallo, em meio a um contexto de agitação social causada pela crise econômica. Neste ano, além de retomar o massacre de 2001, sindicatos e outras organizações populares expressaram críticas às políticas econômicas de Milei e manifestaram a intenção de resistir ao protocolo antiprotestos da Ministra de Segurança Pública, Patricia  Bullrich. 

Durante o protesto, manifestantes ergueram alto cartazes com mensagens como Não ao ajuste de Milei, Abaixo ao plano motosserra de ajuste de Milei e Não ao protocolo de Bullrich. Na praça, as organizações participantes do evento proferiram um comunicado no qual alertavam que iriam “ocupar as ruas e praças em todo o país” em “defesa do direito ao protesto” e contra o “plano de ajuste e miséria” do governo recém-instaurado.

Repressão e vigilância

O dia de importante mobilização ficou marcado também pela repressão e a vigilância repressiva, que começaram horas antes do protesto. A praça de maio, ponto de início da manifestação, foi tomada por policiais. Ônibus foram fiscalizados pelas tropas repressivas na caça de sinais de manifestantes, e o próprio presidente fanfarrão, Javier Milei, amedrontado que estava do primeiro protesto contra seu governo, se dirigiu até a sede da polícia para monitorar de perto a operação antipiquete. 

Apesar de desmoralizador, pois comprova o medo de Milei da mobilização popular, a ida do presidente do país até a central policial para fiscalizar de perto a repressão é um sinal grave também do nível de reacionarismo de Milei. De acordo com informações do monopólio de imprensa reacionário Clarín, foram mobilizados 5 mil agentes, sendo a maior parte da Polícia Federal e da polícia da cidade. 

Nada disso intimidou o povo, e milhares foram às ruas. Em dado momento, os policiais tentaram tirar os manifestantes da rua e empurrá-los para a calçada. A truculência policial foi acompanhada de resistência das massas, que empurraram os policiais e defenderam o direito de ocupar as vias.

Em entrevista cedida ao jornal Hora do Povo, o jornalista e escritor Mariano David Vázquez, assessor da Central de Trabalhadores (CTA Autônoma) denunciou que “o governo de Milei utilizou um arsenal anticonstitucional e ilegal para cercear o direito de reivindicação e protesto através de ameaças nas estações ferroviárias, nas redes sociais e até no aplicativo estatal Mí Argentina (a versão digital do Documento Nacional de Identidade obrigatório).A mobilização policial incluiu filmar manifestantes, transeuntes e usuários de transporte público”, afirmou.

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