No dia 21 de maio, petroleiros argentinos iniciaram uma greve massiva por tempo indeterminado nas principais reservas de petróleo e gás do país contra uma série de acidentes de trabalho ocorridas pela precarização promovida pelos grandes burgueses. Os operários argentinos estão exigindo condições mais seguras de emprego na greve que atinge diversas empresas imperialistas do ramo do petróleo e gás. Uma das principais mobilizações na atual luta está na região de Vaca Muerta, região na província de Neuquén que é a segunda maior reserva de gás não-convencional e quarta maior reserva de petróleo do mundo.
A mobilização dos petroleiros foi intensificada após um operário ter tido o braço mutilado em um acidente de trabalho no dia 17/05. Na declaração de greve, os operários denunciaram que as discussões com as empresas por melhores condições de trabalho não serviram de nada e que as reuniões foram usadas como uma ferramenta para postergar a solução para o caso.
Os trabalhadores denunciam ainda que, enquanto as empresas acumulam o máximo de lucro com o aumento da produção baseado na exploração cada vez maior dos operários, não há o mínimo de condições para trabalhar de forma segura.
“Não há treinamento ou planos de prevenção de acidente na bacia [de Neuquén] por parte das empresas de seguro de risco, que são controladas pela Superintendência de Risco do Trabalho e pelo Ministério do Trabalho. Nós trabalhadores somos apenas um registro que traz o dinheiro e que serve para quebrar recordes de produção, enquanto nós batemos os recordes de mortes”, afirma a declaração do Sindicato dos Petroleiros Privados.
Em março, a produção de óleo em Vaca Muerta aumentou para 300 a 400 barris por dia, número que significa uma elevação de 36% se comparado ao ano anterior. Já a produção de gás natural subiu em 14%. O aumento na produção acompanhou o crescimento exponencial do número de acidentes de trabalho, sobretudo no setor de “minas e pedreiras” (que engloba o setor de petróleo e gás).
Em 2022, 1033 acidentes foram registrados no setor de “minas e pedreiras” (que engloba o setor de petróleo e gás) na província de Neuquén, dentre acidentes de trabalho, acidentes no itinerário e enfermidades profissionais ou reingressos (quando um trabalhador retorna ao trabalho, mas solicita nova licença pela continuidade dos sintomas ou alta indevida). O número representa um aumento de 29,3% quando comparado aos 799 acidentes registrados no ano de 2022 e é a cifra mais alta da última década.
Essa situação inaceitável denunciada pelos petroleiros em luta é sentida por trabalhadores de diversos ramos, sujeitos a jornadas cada vez mais longas e perigosas conforme aumenta a crise e a necessidade maior de exploração. Poucos dias antes da recente greve, os estivadores do Porto Rosario, no Rio Paraná, entraram em greve após a morte de um colega de trabalho. A vítima, de 60 anos, morreu afogada no rio após sofrer uma queda do topo de um caminhão que descarregava mercadoria para um dos navios através de uma ponte. O porto em questão não tinha equipamentos adequados para o resgate, um esquadrão médico de emergência e nem ambulâncias.