Milhares de manifestantes se reúnem em frente a Casa do Governo em Mendonza, para protestar contra a mineração imperialista
O povo da província de Mendonza, na Argentina, promoveu um grande protesto no dia 22 de dezembro contra uma lei que favorecia a mineração. Enfrentando a repressão policial, as massas feriram 19 policiais, e pelo menos 45 manifestantes foram detidos.
O povo de Mendonza marchou desde a cidade de San Carlos, um dos bastiões históricos de resistência à mineração e de defesa da água em Mendoza, até a capital provincial (cerca de 100 km) em protesto contra a reforma da lei 7.722, aprovada pelo parlamento regional, que permite a atividade mineira com o uso de substâncias químicas (como o cianeto e o ácido sulfúrico), mas que, devido à grande mobilização combativa das massas, já foi retirada.
Os confrontos no protesto começaram quando as forças de repressão, temerosas com a força do protesto, lançaram gás lacrimogêneo e balas de borracha, sendo respondidas com pedras e garrafas lançadas pelas massas, já próximas à Casa do Governo da capital provincial.
As “autoridades” relataram que, dos 19 policiais feridos, sete deles foram atingidos na cabeça, um tem um possível quadril quebrado, enquanto os cinco restantes foram atingidos de formas diferentes.
A água em Mendonza
De acordo com o jornal El País, a água é um bem escasso na província argentina de Mendoza. Sucessivas secas na última década reduziram ainda mais a disponibilidade de água nesta região do oeste do país, conhecida por seus vinhos e por ser o lar dos picos mais altos da Cordilheira dos Andes. A produção de vinho (assim como tantas outras coisas), vital para a economia camponesa ali existente, poderia ser inviabilizada diante da contaminação da água.
Diante disso, Mendoza proibiu o uso de produtos químicos na mineração em 2007, a fim de proteger seus recursos hídricos, mas os políticos anularam a proibição. Em meio à crise econômica, o velho Estado pretende atrair investimentos imperialistas na área de mineração, em detrimento dos interesses dos camponeses e demais trabalhadores.
Na crise econômica que esmaga o país, devido à sua condição semicolonial, a decisão de Mendoza coincide com os planos do peronista Alberto Fernández. O novo governo argentino depende do petróleo, gás e mineração para obter maior renda em dólares, na tentativa de recuperar a economia do país através da exploração do povo e venda dos recursos naturais aos imperialistas.