Às beiras de um massacre: Reportagem revela clima de guerra entre indígenas e latifundiários no MS

Em Douradina, MS, um clima de guerra se instalou. Latifundiários atacam os Guarani-Kaiowá, que retomaram três áreas para resistir. Enquanto os fazendeiros usam drones para identificar indígenas, guerreiros Guarani-Kaiowá com rostos cobertos vigiam e protegem seu território

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Em Douradina, MS, um clima de guerra se instalou. Latifundiários atacam os Guarani-Kaiowá, que retomaram três áreas para resistir. Enquanto os fazendeiros usam drones para identificar indígenas, guerreiros Guarani-Kaiowá com rostos cobertos vigiam e protegem seu território
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O AND esteve presente, na pessoa de seu correspondente local de Mato Grosso do Sul, nas retomadas dos indígenas Guarani-Kaiowá em Douradina, interior do estado. A reportagem, publicada no canal do Youtube de AND, foi feita na semana passada. Os correspondentes seguem acompanhando o caso de perto.

Os indígenas Guarani-Kaiowá estão sob ataques de pistoleiros e da Força Nacional desde a semana passada. No dia 2 de agosto, os indígenas da retomada Guaaroka receberam um prazo para sair da área antes que a polícia entre, conforme divulgou o Cimi. Fontes locais relataram ao AND que uma ação de despejo está marcada para o dia 6 de agosto, terça-feira.

Os ataques ocorrem de forma coordenada entre latifundiários da região e são acionados por Whatsapp, replicando o modo de operação de grupos como o Invasão Zero. Até agora, um indígena foi baleado, e outros ficaram feridos, um deles com o braço quebrado. Os latifundiários cercaram as retomadas do estado com caminhonetes, montaram acampamento para intimidação dos indígenas e atuam em conjunto com a Força Nacional na repressão.

A presença das tropas no estado foi prolongada no mês passado pelo governo federal supostamente para defesa dos indígenas, apesar das denúncias dos Guarani-Kaiowá de que a força repressiva ataca indígenas há anos no MS.

Nesse cenário sinistro, a Grande Assembleia Guarani-Kaiowá (Aty Guasu) denunciou que os indígenas da TI Panambi Lagoa Rica, onde estão as retomadas, estão sob risco grave de um massacre. Eles denunciam ainda a negligência dos órgãos do Estado e do governo de Luiz Inácio (PT) frente ao caso. “Há grande chance de nosso povo sofrer mais um massacre“, diz a nota. “O Estado assiste, não faz nada, não prende as milícias, não prende os políticos que as financiam, incentivam e punem nosso povo, nossas retomadas. O Estado mais uma vez fez sua escolha, a velha escolha. Novamente virou as costas para nosso povo e abaixou a cabeça para ao agronegócio, para os assassinos e ladrões de nossas terras“.

Sobre o governo e os órgãos do Estado, eles pontuam que: “O governo Lula prometeu que nossos direitos seriam cumpridos, que a demarcação seria respeitada e que o genocídio de nosso povo cessaria. Mas desde seu início o governo fez foi abdicar da sua atribuição executiva, dando poder para o agronegócio. Ele joga no lixo sua responsabilidade constitucional, colocando nosso destino na mão de nossos algozes. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) vem para cá e senta com o governo Riedel. Juntos, vão aplicando a cartilha histórica do ruralismo, num pacto de não demarcar territórios e propor compras de terra fora do processo de demarcação, o que já afirmamos que jamais aceitaremos“. “Até mesmo o Ministério Público Federal (MPF) e as Defensorias Públicas (DP) parecem ter comprado a ideia do Agro. Atualmente, eles têm se aliado às tentativas do setor de implementar estes absurdos e privado o Estado de cumprir sua obrigação de devolver nossos territórios sagrados“, finaliza.

A nota pode ser lida na íntegra aqui.

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