As vítimas da crise de saúde no Rio de Janeiro

As vítimas da crise de saúde no Rio de Janeiro

Caio* é um jovem morador do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Como cerca de 11 milhões de pessoas do estado do Rio, Caio depende do atendimento público de saúde. Recentemente, ele acordou com falta de ar e inchaços nas regiões do testículo, e decidiu ir à Clínica d Família. Não encontrou, contudo, nenhum médico para atendê-lo.

O enfermeiro presente prescreveu um medicamento e o liberou. Os sintomas ficaram piores e Caio foi até uma UPA, onde foi diagnosticado com tuberculose. Dias depois, foi realizar exames para o diagnóstico mais preciso da doença em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, e foi enviado para fazer atendimento em outra clínica, dessa vez na Cidade de Deus. Lá, descobriu que a favela estava sob operação policial, e as clínicas da família estavam fechadas.

Dias depois, Caio finalmente consegue uma nova consulta, dessa vez por visita doméstico pelos trabalhadores da clínica da família. É recomendada uma internação, mas a mãe precisa carregá-lo até a clínica, onde o jovem precisa esperar cinco horas até a chegada de uma ambulância que o leve para o Centro Hospitalar da Fiocruz. Uma semana depois, ele é diagnosticado com câncer; Caio permanece no mesmo hospital, apesar da falta de condições da unidade para oferecer tratamento para a doença.

A situação enfrentada por Caio e sua família escancara a realidade do sistema de saúde no Rio de Janeiro. No último ano o número de leitos fechados na rede federal do Rio aumentou em 27%, deixando mais de 450 pacientes aguardando transferência para hospitais federais de alta complexidade, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Entre esses pacientes esperando transferência muitos precisam de tratamento para câncer. Além disso outros 18 mil pacientes aguardam algum tipo de procedimento cirúrgico.

A crise na saúde no Rio de Janeiro afeta tanto a rede federal de saúde quanto outras esferas da atenção à saúde, como a atenção primária e as emergências, que por falta de estrutura ou de profissionais qualificados se limitam a ficar empurrando o problema de uma unidade para a outra, sem ter capacidade de solucionar os problemas ou então encaminhar de forma rápida e menos burocrática possível os pacientes para locais onde capacitados para recebê-los. 

Essa realidade é motivo de revolta para as massas que dependem do sistema de saúde e dos profissionais que, em condições precárias, não conseguem oferecer o serviço necessário. Atualmente, profissionais do Hospital Federal de Bonsucesso estão em greve contra o estado da instituição.

*Nome fictício

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