Há 52 anos, no dia 9 de outubro de 1967, o revolucionário Ernesto “Che” Guevara foi assassinado na província de La Higuera, na Bolívia, quando já se encontrava detido pelo Exército reacionário boliviano, sob ordem direta da Agência Central de Inteligência (CIA, em inglês) do USA.
Nascido em Rosário, na Argentina, no dia 14 de Junho de 1928, Ernesto Rafael Guevara de La Serna era membro de uma família pequeno-burguesa. Seu pai era professor de Direito, congressista e diplomata, e sua mãe de origem aristocrata. Ernesto, desde criança, sofria de asma, fato que posteriormente o fez ser dispensado no serviço militar argentino.
Guevara começou a estudar Medicina na Universidade de Buenos Aires em 1947, vindo a se formar em 1953. Durante os anos de faculdade, fez diversas viagens, tanto dentro da Argentina quanto pela América Latina. Na mais famosa delas, em 1952, foi (inicialmente de moto e depois de carona) da Argentina à Venezuela. Em 1953 foi para a Guatemala e, posteriormente, ao México, onde conheceu Fidel Castro. Logo depois decidiu participar do Movimento Revolucionário 26 de Julho (M26), que tentava realizar uma revolução em Cuba, país que era governado por um regime ultracentralizado por Fulgencio Batista, sob o aval do imperialismo ianque. Com isso, Ernesto recebeu o apelido de “Che” dos cubanos por seu sotaque argentino. Che, então, participou da guerra revolucionária em Cuba e junto às massas cubanas derrotou o Exército reacionário e conquistou o poder em 1º de janeiro de 1959.
Durante a guerra, devido ao seu grande prestígio e carisma junto ao povo, além de sua capacidade organizacional e militar, Che assumiu o cargo de comandante de uma das fileiras do Exército. Após o triunfo da guerra revolucionária, Guevara assumiu o cargo de diretor do Instituto Nacional para Reforma Agrária do novo regime; depois, foi Presidente do Banco Nacional e, por fim, Ministro da Indústria.
Em 1962, na chamada “Crise dos Mísseis” (ocasião na qual a URSS social-imperialista ameaçou instalar mísseis nucleares em Cuba para pressionar o USA a retirar mísseis instalados na Turquia), Che percebeu que Cuba tinha virado uma peça de xadrez na disputa interimperialista entre as duas superpotências. Essa constatação o fez entrar em conflito com Fidel, que foi gradualmente “minando” Che dentro do alto escalão do governo cubano.
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Che ainda, num evento em Argel, capital da Argélia, que ficou com conhecido como “discurso de Argel”, em 1965, criticou a política social-imperialista da URSS, acusando-a de não apoiar as lutas de libertação nacional e denunciando a sua política comercial imperialista para com os países atrasados, como Cuba. Esse era um momento de cisão entre a URSS social-imperialista e a China no Movimento Comunista Internacional, e Che pendia favoravelmente à posição de esquerda, embora com insuficiências.
Retornando a Cuba, a luta de duas linhas dentro do Partido Comunista de Cuba impulsionada pelos desacordos de Che com a direção revisionista pró-Kruschov que se cristalizava nas mãos de Castro não se desenvolveu e, resultante disso, Guevara partiu para outros países para impulsionar a guerra de guerrilhas, aplicando a incorreta “teoria do foco”. Primeiro ele foi ao Congo, na África, junto com 100 revolucionários cubanos, mas fracassou, como não poderia ser diferente, pois, além de tudo, esbarrou nas particularidades do país. Resolveu, então, em 1966, ir à Bolívia e lutar dentro de seu continente. Ali, predicando a ausência do partido para dirigir a revolução, acabou sendo derrotado junto com seu grupo, em 1967, após 11 meses de campanha. Devido a insuficiência ideológica da teoria aplicada por Che, ele e o seu grupo acabou sendo derrotado. Ali, foi executado.
Che Guevara foi um importante revolucionário, dirigente na Revolução Cubana, e carregou até o fim seu espírito internacionalista. Além disso, representou a linha de esquerda dentro do regime revolucionário cubano que, tendo sido encabeçado pelo revisionismo de Fidel e Raul Castro, manobrados pelo kruschovismo russo a partir de 1962, estagnou e acabou por tornar a ilha em um satélite do social-imperialismo soviético e, hoje, em um sistema revisionista em franca bancarrota.