O segundo-tenente Osmar Crivelatti, atual assessor e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e ex-adjunto de Comando do general Villas-Bôas, movimentou R$ 2,7 milhões em suas contas correntes entre 2021 e junho de 2023. Além disso, o militar, apesar dos sólidos indícios de envolvimento no “caso das joias”, continua na folha de pagamento do Exército reacionário, por onde recebe R$ 12,8 mil. Crivelatti também recebe R$ 2,2 mil pela função de apoio a Bolsonaro.
As movimentações constam no relatório da e-Financeira da Receita Federal recebido pela CPMI do 08/01 e foi divulgada pelo monopólio de imprensa G1. Dos valores milionários movimentados desde 2021, R$ 894 mil foram somente entre janeiro e junho de 2023. Ou seja, o militar movimentou, em 6 meses, o correspondente a 5 anos do seu atual salário.
Os registros são mais um indício que somam na lista de evidências contra Crivelatti, parte do amplo cenário de corrupção descarada nas fileiras da caserna. Antes dessa revelação, já era conhecido que o segundo-tenente assinou, no dia 6 de junho de 2022, a retirada de um relógio Rolex recebido por Bolsonaro do acervo de presentes oficiais do gabinete adjunto de Documentação Histórica do Planalto. Em seus e-mails, foram encontrados 45 comprovantes de depósitos no valor de R$ 60 mil feitos à Michelle Bolsonaro.
A escolha de Crivelatti para o círculo íntimo de Bolsonaro não foi à toa. O segundo-tenente era, desde 2015, destacado pela sua proximidade com generais golpistas. Naquele ano, Crivelatti foi escolhido por Villas-Bôas para assumir a função recém-criada de adjunto de comando, um cargo que, segundo militares, foi montado especificamente para ele. De 2015 a 2019, Crivelatti trabalhou muito próximo a Villas-Bôas, general que chantageou a Nação através de ameaças e que, naqueles idos, atuava com centralidade na tutela do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) ao governo por ser o comandante do Exército.
De 2019 em diante, Crivelatti começou a trabalhar junto a Bolsonaro. Em 2023, o endereço eletrônico do segundo-tenente estava entre os e-mails que receberam, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), informações sensíveis sobre a segurança de Luiz Inácio.
Apesar dos indícios inquestionáveis do seu envolvimento no “caso das jóias” e de sua proximidade estreita com Bolsonaro e generais golpistas, Crivelatti segue impune e com salários em dia. O militar foi aliviado até mesmo de prestar depoimento na CPMI do 08/01, após o Supremo Tribunal Federal (STF) definir sua presença na comissão como não obrigatória.