Escombros de casas de famílias que foram destruídas durante a Operação de Guerra contra camponeses de Miravânia. Fonte: CPT/MG
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O chocante relato das famílias que tiveram suas casas e plantações destruídas pela PM – a mando do latifúndio e com a conivência dos governos municipal e estadual – nos dias 9 e 10 de julho, em Miravânia (MG), foi registrado por apoiadores do jornal A Nova Democracia em visita ao município.
Os camponeses trabalhavam e produziam há mais de 19 anos na localidade de Barra do Mirador, abastecendo todo o município de Miravânia com mais de 3 mil quilos de mandioca usados para produção de farinha e tapioca. Esta agricultura camponesa era responsável por movimentar toda uma cadeia produtiva e empregar dezenas de famílias que, agora, com a ameaça de reintegração de posse criminosa, se encontram ameaçadas.
‘Operação de guerra em Miravânia não foi reintegração: foi Grilagem de Terras, Perseguição Política e Vingança!’, afirmam camponeses
O covarde ataque foi orquestrado pelo latifundiário Walter Santana Arantes (preso por corrupção na Operação Lava Jato e atual dono da rede de supermercados BH) com apoio do governo, que mobilizou um aparato de guerra com aproximadamente 120 homens fortemente armados, caminhões e mais de 15 viaturas da PM, conforme relataram os entrevistados.
No momento da invasão, junto da tropa da PM, estava presente o pistoleiro Ivanilton, que trabalha para o latifundiário Walter Arantes, interessado na grilagem das terras, conforme denúncias. O pistoleiro cumpriu a vil função de indicar à polícia e ao funcionário do judiciário Antônio Dourado Fraga quais seriam as principais famílias a terem suas casas demolidas e plantações devastadas, conforme relata a nota de repúdio publicada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP).
A nota também denuncia que, além do pistoleiro, várias caminhonetes do latifundiário estavam no local.
Ataque contra camponeses gera mais desemprego para toda região
Durante a visita dos apoiadores do jornal A Nova Democracia à Barra do Mirador, os trabalhadores que atuam no beneficiamento da mandioca falaram da importância da produção camponesa para a economia da cidade: “A interrupção da produção impacta não só na área e na geração de emprego para as mulheres que trabalham na produção da mandioca, mas no município todo”, afirmou categoricamente o representante da fábrica. E concluiu: “Nós recebemos mandioca de várias comunidades, mas mais da metade da mandioca que nós transformamos em farinha e tapioca para abastecer os mercados vem de Barra do Mirador”.
Importante destacar que, segundo o último censo disponível no site do IBGE, Miravânia, município localizado a quase 700 km de de Belo Horizonte, figura com uma taxa de desemprego que supera os 90% da população, sendo uma das maiores do estado. E, para piorar a situação, dentre os 7,5% da população que, apesar de tudo, conseguiram alguma ocupação, mais da metade tem rendimento de menos de meio salário mínimo por mês.