Centrífugas na instalação nuclear de Natanz, destruídas na explosão. Foto: Aeoi Handout/EPA
No dia 11 de abril, um ataque orquestrado pelo serviço secreto de Israel (Mossad) atingiu a instalação nuclear de Natanz, no Irã, com uma enorme explosão, impedindo o funcionamento das milhares de centrífugas que enriquecem urânio no país. O porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, afirmou no dia 12/04 que a explosão produziu uma cratera gigante, e acusou Israel de terrorismo nuclear.
Embora Israel não tenha assumido oficialmente a responsabilidade pelo ataque, os monopólios de imprensa sionistas apontaram o Mossad como o autor, segundo diversas fontes militares. O The Jerusalem Post, por exemplo, afirmou em editorial no dia 12/04 que, desta vez, a imprensa de Israel não sofreu censura militar, como acontece usualmente, “o que explicitamente creditou o Mossad pela operação secreta”.
Já o monopólio ianque The New York Times, que também corrobora para a narrativa de que Israel está por trás do ataque, utilizou dois funcionários da inteligência como fontes, que disseram que o ataque fará com que leve pelo menos nove meses para restaurar a produção de enriquecimento de urânio na usina de Natanz.
No dia 12/04 o primeiro-ministro genocida, Benjamin Netanyahu, também declarou que “a luta contra o Irã e seus representantes e o armamento iraniano é uma missão gigante”, e que “Minha política como primeiro-ministro de Israel é clara. Nunca permitirei que o Irã obtenha a capacidade nuclear para cumprir seu objetivo genocida de eliminar Israel, e Israel continuará a se defender contra a agressão do Irã e o terrorismo”.
O chefe do exército sionista, Aviv Kohavi, afirmou em meio a um discurso que “as ações das FDI [Forças Armadas de Israel] em todo o Oriente Médio não estão escondidas da visão de nossos inimigos”, praticamente admitindo a responsabilidade.
ENVOLVIMENTO DO IMPERIALISMO IANQUE
A sabotagem ocorreu um dia depois de o presidente iraniano Hassan Rouhani inaugurar novas centrífugas de energia na usina de Natanz em uma cerimônia transmitida ao vivo, e enquanto o secretário de Defesa ianque (Estados Unidos, USA), Lloyd J. Austin III, estava em Israel para se encontrar com Netanyahu e com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz.
Após se encontrar com Austin, Netanyahu afirmou: “Ambos concordamos que o Irã nunca deve possuir armas nucleares”. Já Gantz disse a Austin que “O Teerã [capital do Irã] de hoje representa uma ameaça estratégica à segurança internacional, a todo o Oriente Médio e ao Estado de Israel”.
O ataque a Natanz ocorre em meio à negociação de retorno ao acordo nuclear de 2015 firmado entre o USA e o Irã, o qual foi abandonado pelo imperialismo ianque em 2018; e em meio aos esforços iranianos de defender a sua soberania nacional quanto à matriz energética de sua escolha e seu desenvolvimento de um programa nuclear próprio. A ação de sabotagem serve, assim, para pressionar as negociações nucleares, previstas para serem tomadas no dia 15/04.
Enquanto a narrativa de Israel procura pintar o Irã como uma potencial “ameaça nuclear”, o país lacaio do USA no Oriente Médio é considerado o sexto país do mundo a desenvolver armas nucleares, e se recusa a firmar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), apesar de não sofrer retaliação por isso.
Apesar de não haver confirmação oficial de que o USA e suas “autoridades” (como o secretário de Defesa) tenham sido informados do ataque com antecedência de que ele tenha sido programado para coincidir com a visita de Austin, são notórias as sabotagens contra o programa nuclear iraniano orquestradas pelo imperialismo ianque. Assim como também o é o histórico de conluio entre o USA e seu lacaio, Israel, na realização dessas ações de sabotagem, tanto políticas e econômicas (por meio de sanções, difamação e espionagem descarada), como físicas (bombas plantadas e ataques cibernéticos). Em 2018, a servir de exemplo, agentes do Mossad invadiram um armazém em Teerã e roubaram meia tonelada de registros secretos sobre o projeto nuclear do Irã, que foram entregues à Agência Internacional de Energia Atômica.