Matéria atualizada às 19h17 de 17 de setembro de 2024.
O Estado sionista de Israel matou 11 pessoas, dentre elas uma menina de 8 anos, em um ataque cibernético ilegal que atingiu a maior parte do Líbano e parte do território sírio esta terça-feira (17). Israel falou que o ataque foi direcionado contra o Hezbollah, mas 4 mil pessoas ficaram feridas, a maior parte civis.
Mahdi, filho de Ali Ammar, proeminente legislador do Hezbollah, foi assassinado. Hassan Fadlallah, e um oficial sênior da organização, Wafiq Safa, ficaram feridos, e dois integrantes do grupo morreram. Além disso, o embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, ficou levemente ferido.
O ministro da saúde do Líbano, Firas al-Abya, informou que pelo menos 4 mil pessoas estão feridas, dentre 200 em estado grave. Segundo Al-Abya, a maioria dos ferimentos registrados até agora são no rosto, mãos, braços e abdômen.
Na Síria, 14 pessoas ficaram feridas em decorrência do ataque. “Quatorze pessoas cujas nacionalidades são desconhecidas ficaram feridas em Damasco e em seus arredores depois que pagers usados pelo Hezbollah explodiram”, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
O parlamentar libanês Ali Ammar declarou à Associated Press que “esta é uma nova agressão israelense contra o Líbano. A resistência retaliará de forma adequada no momento adequado”.
As unidades de inteligência especializadas do Hezbollah prontamente conduziram uma investigação científica e de segurança em larga escala para determinar as causas do atentado. “Afirmamos que a resistência, em todos os níveis e em suas várias unidades, permanece no mais alto nível de preparação para defender o Líbano e seu povo inabalável”, concluiu a nota.
Após examinar os fatos, dados atuais e informações disponíveis sobre o atentado que ocorreu esta tarde, o Hezbollah responsabilizou inteiramente Israel pelo crime. “Nossos mártires e feridos são o símbolo de nossa luta e sacrifícios no caminho para Al-Quds, na vitória de nosso honrado povo na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e no contínuo apoio de campo. Nossa posição de vitória, apoio e suporte à valente resistência palestina continuará sendo uma fonte de orgulho e honra para nós neste mundo e no outro. Esse inimigo traiçoeiro e criminoso certamente receberá sua justa punição por essa agressão pecaminosa, de onde ele espera ou não”, concluiu em comunicado.
Governo sionista se reúne
Funcionários de alto escalão israelenses se reuniram com o Ministério da Defesa em Tel Aviv após ataque em massa a dispositivos do Hezbollah. Segundo o Haaretz, a reunião urgente centra na possibilidade de uma retaliação da resistência libanesa.
Em entrevista ao Canal 14 de Israel, o general da reserva sionista, Yiftah Ron-Tal, afirmou que o atentado é uma oportunidade de alterar a dinâmica do conflito com o Hezbollah. O canal sionista afirmou ainda que a transferência de segurança e peso militar da Faixa de Gaza para a frente norte, contra o Hezbollah, está prevista para começar ainda na noite desta terça-feira. Em receio, o assentamento israelense de Holon, decidiu abrir abrigos subterrâneos. Diversas companhias aéreas europeias cancelaram seus voos de e para Tel Aviv amanhã.
EUA se preocupa com escalada
O imperialismo ianque afirmou que não está envolvido e que não sabiam com antecedência sobre o atentado sionista. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou em coletiva de imprensa que “os EUA não estavam envolvidos nisso, os EUA não estavam cientes desse incidente com antecedência e, neste momento, estamos coletando informações”.
Apesar de negar envolvimento no atentado, Matthew Miller afirmou que membros de “organizações terroristas” são “alvos legítimos”, justificando o crime de Israel. Ainda assim, Matthew Miller pediu ao Irã que não aumente a tensão após o atentado sionista, numa torpe tentativa responsabilizar a Resistência por qualquer resposta contra os crimes de Israel.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, discutiu a escalada dos conflitos no Oriente Médio com Yoav Gallant, alertando ao sionista que é importante reduzi-la. Austin “reiterou a necessidade de um cessar-fogo [em Gaza] e de um acordo sobre reféns, e a importância de reduzir as tensões através da diplomacia para evitar o potencial de um conflito regional mais amplo”, disse ele.
Resistência condena crime
As organizações da Resistência Nacional Palestina condenaram a agressão sionsita no Líbano. O Hamas afirmou que a série de explosões de pagers é um “crime que desafia todas as leis” e responsabiliza totalmente o governo israelense. “Este ato terrorista é parte de uma agressão maior do inimigo sionista na região”, disse o Hamas em um comunicado. A organização elogiou os esforços e sacrifícios do Hezbollah enquanto continua a apoiando e dando suporte ao povo palestino, ininterruptamente desde 8 de outubro de 2023.
O porta-voz do movimento Ansarallah – os Houthi, Mohammed Abdelsalam, chamou o ataque de “ um crime hediondo e uma violação da soberania libanesa”. O movimento de resistência anti-imperialista do Iêmen enviou condolências e saudações ao povo libanes e aos familiares das vítimas do atentado sionista. “Estamos certos de que o Líbano é capaz de enfrentar todos os desafios e tem um movimento de resistência capaz de dissuadir a entidade inimiga sionista e fazê-la pagar um alto preço por qualquer escalada que possa empreender contra o Líbano”, afirmou Abdelsalam.
O que quer Israel?
Israel tem voltado seus esforços de guerra para o Norte de suas fronteiras, numa forma de atrair o apoio do imperialismo ianque na atual guerra. Na última semana o ex-membro do gabinete de guerra israelense Benny Gantz afirmou que Israel deveria voltar sua atenção para o Hezbollah e a fronteira libanesa. Gantz teria dito que Israel está atrasado no lançamento da guerra contra o Hezbollah, afirmou o jornal israelense Israel Hayom.
Outros oficiais israelenses veem o conflito com Hezbollah com grande pessimismo. Haim Tomer, ex-alto funcionário da Força-Tarefa Especial e de Inteligência, que atuou como chefe da Divisão de Inteligência e chefe da Divisão Espacial, expressou pessimismo sobre as chances de Israel sobreviver a uma ampla guerra contra o Hezbollah. Já o major-general da reserva israelense Yitzhak Brik alertou sobre as graves consequências que Israel enfrentaria se decidisse intensificar a guerra com o Líbano, enfatizando que as ameaças emitidas por altos funcionários de segurança são “fúteis e sem sentido”.
Na última semana, fontes de segurança europeias confirmaram ao veículo de imprensa libanês Al-Mayadeen que o Hezbollah obteve grande sucesso em um ataque recente contra a base de Glilot e a instalação de Ein Shemer, ambas associadas à Unidade 8200 da inteligência israelense. O ataque, que foi nomeado como “Operação Arbaeen”, causou um número significativo de baixas entre as forças sionistas. O número de mortos chegou a 22, enquanto 74 membros da Unidade 8200 ficaram feridos.
A operação foi em resposta ao assassinato do comandante mártir Fouad Shukr, como confirmado pelo Secretário-Geral do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, em um discurso no dia 25 de agosto. A humilhação sofrida durante o ataque e a precisão do Hezbollah, que atingiu apenas alvos militares, causou desgosto entre a cúpula sionista.