Nota da Redação: Reproduzimos abaixo a tradução na íntegra de uma matéria do portal de notícias O Arauto Vermelho (The Red Herald) acerca da deportação para o Egito de uma ativista da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) que estava em viagem na França. Mariam Abu Daqqa, que pertence ao Birô Político da FPLP, foi à França para realizar uma série de palestras e conferências acerca da Palestina mas foi vítima de uma série de episódios de repressão ao longo do mês de outubro, e que se intensificaram após o dia 07/10, quando a Resistência Nacional Palestina lançou a operação “Dilúvio de al-Aqsa”. Os atos envolveram desde o cancelamento de palestras até uma ordem de abandonar o território francês e uma prisão domiciliar. O caso de Mariam Abu Daqqa, junto da perseguição de outros ativistas pró-palestina por parte do Estado imperialista francês e a proibição de manifestações em solidariedade à Palestina no país demonstram o nível de cumplicidade do imperialismo francês com a agressão sionista e o grau reacionarização do Estado francês, com ataques cada vez mais escancarados às liberdades democráticas das massas populares.
Já informamos anteriormente sobre o caso de Mariam Abu Daqqa e a repressão que temm enfrentado por parte do Estado francês. Na última sexta-feira, a França expulsou a ativista palestina Mariam Abu Daqqa para o Egito, após um longo julgamento sobre sua presença na França. Dessa forma, a França continua sua cumplicidade com o Estado israelense assassino que massacra os palestinos com o apoio dos imperialistas.
Mariam Abu Daqqa, ativista e líder membro do Birô Político da FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), é alvo de repetidos ataques do governo e de várias figuras políticas. A FPLP e suas Brigadas de Mártires Abu Ali Mustafa [organização militar da FPLP], que levam o nome do segundo secretário-geral da FPLP, covardemente assassinado em 2001 pelas tropas israelenses, fazem parte da Resistência Nacional Palestina.
Abu Daqqa foi detida pela polícia na noite de quarta-feira depois que o Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo da França, anulou uma decisão de um tribunal inferior que havia suspendido uma ordem de expulsão do Ministério do Interior.
A senhora de 72 anos, que está na França desde o final de setembro, é uma ativista renomada que luta pelos direitos dos palestinos há décadas, pela libertação da Palestina do mar até o rio Jordão, e é uma figura ativa e reconhecida na luta de libertação nacional palestina.
Sua viagem de 50 dias à França seria uma oportunidade de falar em alto e bom som sobre a causa pró-palestina por meio de uma série de 15 conferências. Ela também deveria se dirigir aos parlamentares franceses na câmara dos deputados, a convite da parlamentar da France Insoumise, Ersilia Soudais, na exibição do documentário “Yallah Gaza”, em 9 de novembro.
Mesmo antes da intensificação do conflito na Palestina e da contraofensiva da Resistência, Mariam Abu Daqqa sofreu repressão do regime imperialista francês: ela foi proibida de falar na conferência organizada pelo “Collectif 69 Palestine” na Universidade de Lyon 2, em 5 de outubro. Depois do cancelamento de uma conferência que deveria ter sido dada pelo advogado franco-palestino e residente em Jerusalém, Salah Hamouri, em janeiro passado, essa não é a primeira vez que ativistas pró-palestinos são alvo de ataques em Lyon por parte do prefeito de “esquerda”. Apesar disso, o combatente da resistência pôde falar na plateia.
Contatada por telefone no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, enquanto aguardava um voo para o Cairo, Abu Daqqa classificou sua expulsão como “um ataque contra o direito da Palestina de ter um Estado, uma identidade, uma existência”. “O processo pelo qual passei não é digno de um governo democrático”, acrescentou. Suas advogadas, Elsa Marcel e Marie David, disseram que lançarão mais recursos e até mesmo levarão o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos. Mesmo quando o Estado francês tenta finalizar o caso, a luta continua.