Manifestantes e indígenas protestaram, no dia 26 de fevereiro, em Porto Alegre, contra os ataques e ameaças de despejo promovidas pelo velho Estado contra a tribo Guarani Mbya, que vive na fazenda Arado Velho, retomada em 2018. O ato, que deveria ter ocorrido no dia 31 de janeiro como parte do dia nacional em defesa das terras e direitos indígenas, foi remarcado na cidade para quase um mês depois por conta das fortes chuvas.
Segundo denúncias de ativistas, policiais da Brigada Militar compareceram no início do ato e fotografaram os rostos de vários manifestantes, numa tentativa vulgar de intimidação.
Desde a retomada da fazenda Arado Velho, os indígenas que lá moram, produzem seu sustento e reproduzem sua cultura são alvos de agressões por parte da especulação imobiliária, que pretende fazer da terra ancestral Guarani um conjunto de condomínios. Atualmente as injúrias se intensificaram, causando revolta entre a população e os povos nativos.
Durante o ato, o Comitê de Apoio ao AND de Porto Alegre distribuiu jornais no local e falou com os ativistas e organizadores do evento. O jornal foi muito bem recepcionado e algumas das pessoas presentes já conheciam o nosso conteúdo pelo Portal na internet.
‘Não esperamos nada do governo’
Por ocasião do primeiro ato – que foi remarcado em consequência da chuva –, brigadistas de AND aproveitaram para entrevistar um dos indígenas, que era de uma aldeia demarcada de Camaquã, mas estava ali para defender a terra e segurança de seus parentes:
“Nós estamos aqui para termos mais direitos aos povos indígenas, porque nós precisamos de respeito e queremos manter e proteger a natureza, as nossas árvores, os nossos rios. Nosso objetivo agora é lutar para proteger as nossas áreas.”, disse ele.
O indígena denunciou que os ataques contra as terras indígenas cresceram recentemente. “Isso tem ocorrido principalmente aqui no Arado, que foi a terra que os guarani retomaram. Isso é uma grande preocupação que a gente tem, de tentar resistir contra isso.”, conta. Ele denuncia ainda que os governos estadual e federal nada fazem a respeito das agressões e ameaças sofridas.
Além disso, o indígena criticou as políticas do governo militar que dirige o velho Estado. “A mudança da Funai para o Ministério da Agricultura complica bastante as coisas, como a demarcação de terra e as áreas já demarcadas. É muito triste para nós, é preocupante. Nós estamos tentando lutar contra isso também.”, menciona.
“Nós queremos que seja reconhecido o nosso direito de viver nas nossas terras. Mas, não, não esperamos nada do governo Bolsonaro.”, afirma.