O governo de Jair Bolsonaro, tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas, teve uma queda de 15 pontos percentuais na mais recente pesquisa sobre a opinião das massas com relação a seu gerenciamento. A pesquisa do Ibope foi divulgada no dia 20 de março.
A pesquisa atestou que aqueles que consideram o governo “ótimo ou bom” caiu de 49%, em janeiro, para 34% em fevereiro. Por outro lado, aqueles que consideram o governo “ruim ou péssimo” aumentou exponencialmente, de 11% em janeiro, para 24% em março.
Entre os mais pobres, o índice de aprovação do fascista sofreu forte baixa: foi de 41% em janeiro para 29%, em março. Não obstante, um a cada três brasileiros das “classes médias” que consideravam o governo “ótimo ou bom” mudou de ideia, ou seja, sua aprovação entre aqueles que recebem de dois a cinco salários mínimos foi de 53%, em janeiro, para 35% em março.
Os motivos para sua queda são, certamente, o avanço nos ataques dos direitos do povo, em especial a draconiana reforma da Previdência – que atinge diretamente os mais pobres e as camadas médias –, além de seu reacionarismo obscurantista e as trapalhadas que desmoralizam seu gerenciamento.
Os resultados apontam ainda que o início do governo Bolsonaro é o que menos entusiasmou os eleitores, pelo menos em comparação com os últimos três presidentes. Os reacionários Fernando Henrique Cardoso em 1995 (PSDB), Luiz Inácio em 2002 e Dilma em 2008 (PT) tinham nos primeiros três meses de mandato, respectivamente, 41%, 51% e 56% de aprovação, enquanto Bolsonaro bateu apenas 34%.
A avaliação no início de mandato tende a ser alta, pois o político assume com a expectativa das massas, que ainda aguardam o cumprimento das promessas de campanha eleitoral, uma vez que o curto tempo de mandato não permite que elas se frustrem ainda. Mesmo assim, a aprovação de Bolsonaro é baixa e preocupa o governo.
Já o número de pessoas que consideram Bolsonaro confiável também sofreu forte abalo. Aqueles que o consideram confiável caiu de 62% em janeiro para 49% em março, enquanto aqueles que consideram Bolsonaro não confiável passou de 30% em janeiro para 44% em março.
A pesquisa ocorreu entre os dias 16 e 19 de março e, segundo seus organizadores, a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Problemas à vista
A queda de popularidade entre as massas cria problemas muitos maiores para Bolsonaro, como o risco de não aprovar a reforma da Previdência da forma como ele mesmo e seu ministro Paulo Guedes pretendiam.
A reforma é um tema considerado “impopular” pela reação, porque atinge diretamente os direitos do povo duramente conquistados e, por mais que se faça mil propagandas e todo tipo de lavagem cerebral, as massas tendem a reagir. Se os parlamentares aprovarem-na, isso gera desgaste com seus eleitores imediatos, mas o nível do desgaste pode ser menor ou maior, a depender das condições nas quais a proposta é aprovada. Quando a popularidade daquele que faz a reforma cai, a reação à sua reforma é maior e, logo, o rechaço àqueles que no parlamento aprovarem-na, faz-se maior também.
Nessas circunstâncias, os parlamentares impõem altos custos para aprovar medidas de um governo cuja popularidade cai, tais como emendas parlamentares que atendam a seus interesses particulares ou a interesses daqueles lobbies que eles representam – é o chamado “toma lá, dá cá”. Por isso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), criticou duramente Bolsonaro por “não assumir a articulação política”, no dia 23/03.
“Um fato é inequívoco: se a popularidade de Bolsonaro continuar a cair, a receptividade ao texto do governo cairá junto. Cairá o interesse de políticos em atrelar o próprio nome a um tema impopular, capitaneado por um presidente impopular. Nesse caso, a reforma provavelmente naufragará, lançando o governo numa crise sem paralelo.”, analisou o próprio monopólio da imprensa G1 (grupo Globo), em artigo do colunista Helio Gurovitz.
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