Na manhã do dia 15 de abril, cerca de 100 manifestantes – na sua maioria estudantes secundaristas – realizaram um ato contra o aumento da passagem no centro de Belém. Este já é o quarto ato contra o aumento da passagem este ano.
A concentração do ato foi na Praça da República, e já se presenciava um forte aparato policial desproporcional ao quantitativo de presentes. De lá, o ato partiu em marcha em direção à prefeitura da cidade. Os manifestantes puxavam palavras de ordem como Igor Barbalho, não vai ter paz! Nenhum aumento, nenhum centavo a mais! e Igor Barbalho, preste atenção! A prefeitura vai virar ocupação!, em referência ao prefeito da cidade, que é primo do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Próximo à prefeitura, os estudantes buscaram ocupar o prédio contornando-o até os fundos para sair do bloqueio feito pelas forças de repressão na entrada da frente. Porém, a Guarda Civil já havia bloqueado a entrada. Os manifestantes permaneceram de frente à prefeitura, soltaram rojão e fizeram a queima de uma bandeira da campanha eleitoral do prefeito Igor Normando (MDB). Após, marcharam até a Avenida 16 de Novembro, parando o trânsito na avenida e realizando falas convocando os trabalhadores e transeuntes a se somarem à luta, tendo grande aceitação dos populares.
O ato encerrou com falas prometendo seguir com as mobilizações contra o aumento.
Este é o quarto ato realizado em Belém contra o aumento da passagem do transporte público. No dia 10/04, outro protesto havia sido realizado enquanto ocorria a reunião do Conselho Municipal de Transporte com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel). O reajuste aprovado na reunião foi de R$ 5,60. Os manifestantes tentaram ocupar o prédio da reunião exigindo serem ouvidos pela prefeitura, porém foram intimidados por um segurança à paisana, que chegou a sacar uma arma de fogo para os manifestantes. Na sequência, ativistas fecharam a Avenida Senador Lemos incendiando pneus.
Esta mobilização e o rechaço geral da população da cidade fizeram o prefeito recuar e aprovar um aumento de R$4,60, aprovar transporte gratuito nos domingos e feriados e determinar a circulação de novos ônibus com ar condicionado na cidade. Porém, os manifestantes e ativistas de movimentos sociais denunciaram que se tratou de mais uma demagogia de Igor Normando. Vídeos em redes sociais das massas populares ironizavam o longo tempo de espera nos pontos de ônibus no dia 13/04 (dia que seria gratuito), bem como casos em que o “geladão” (como a prefeitura chamou os ônibus com ar condicionado) estragou nas ruas da cidade.
Tampouco os ônibus colocados em circulação eram “novos” e adquiridos pela atual gestão. Num vídeo de grande repercussão, ativistas mostraram dezenas de ônibus “Geladão” escondidos no mato ao invés de estarem circulando. São ônibus adquiridos ainda na gestão passada da prefeitura. No ato do dia 15/04, denúncias foram feitas de que Igor Normando, junto a Helder Barbalho, planejavam colocar estes ônibus em circulação apenas próximo à COP-30, como parte de propaganda demagógica de que a realização da COP-30 deixaria um “grande legado” a Belém.