Vera Junho
Estamos adentrando um novo tempo, tempo este gestado há muito e pelo qual muitos deram suas vidas, seus melhores dias, abrindo mão do que sempre foi considerado felicidade e bem-estar. Temos de honrar os que virão e os que já não estão conosco. Uma nova democracia surgirá dos esforços dos que combateram e combatem por isto e, principalmente, dos heróis e mártires desta luta.   
Havia mais mulheres que homens. Ficamos sabendo mais tarde que eles enviaram as mulheres para dar uma conferida, saber se realmente iria acontecer, se valeria a pena. Talvez confiassem no poder de julgamento que nós, as mulheres, temos, mais do que eles o têm. O líder maior convocou todos, nos juntamos em torno dele e após sua fala as perguntas pipocaram. Havia uma atmosfera de júbilo, de conquista, de atrevimento, de ousadia, um ato de coragem. E um forte sentido de unidade que um mutirão traz.
Barnaí era um camponês, adolescente. Sua família tomava conta de umas terras, plantava para o sustento da casa do patrão e de si própria, e cuidava de um bananal. No alto das montanhas de Minas ninguém pensava, ou ousava pensar, naquela época, nem em reforma agrária, muito menos em revolução agrária. Cumpriam o que lhes ditava o costume. Vida dura, muito trabalho.
O Maestro sabe também que, sob a guerra, nossa alegria é provisória, e é preciso que tiremos do sumo da vida a última gota. A música, mais do que qualquer outra coisa, estabelece a conexão humana, é excelente companheira para as dores maiores, não importam as circunstâncias.
O fim da vida não é a velhice, mas a morte. E as mulheres de idade têm uma vantagem sobre moças e rapazes: elas não morreram jovens.  Será que têm de pedir desculpas por estar vivas? O que devemos fazer, afinal de contas, é celebrar a vida!