Em três anos, 67 policiais foram alvo de operações por suspeitas de integrarem grupos paramilitares, em especial de extermínio, em 16 municípios na Bahia. Os casos coincidem com a prisão do Deputado Estadual Cristian Almeida, o “Binho Galinha” (Patriota), e com o intenso aumento de encarceramentos e homícidios cometidos pelas forças policiais na Bahia.
Segundo dados da análise do jornal monopolista O Globo em conjunto com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a atuação dos policiais ligados aos grupos paramilitares se estende pelas cidades Acajutiba, Água Fria, Barreiras, Camaçari, Cansanção, Feira de Santana, Inhambupe, Itabuna, Juazeiro, Lamarão, Paulo Afonso, Piatã, Santaluz, Santa Maria da Vitória, Santo Estevão e Valente. Apenas em 2023, 23 policiais suspeitos de integrar “milícias” foram alvos de sete operações distintas. Os dados indicam para a generalização do fenômeno das relações entre os órgãos repressivos do velho Estado e os grupos de atuação paramilitar.
Segundo a própria Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), empresas de segurança e vigilância são usadas como fachada para a atuação de milícias policiais no estado. Os grupos realizam assaltos, sequestros e assassinatos, com o propósito de impor o seu controle sobre determinados territórios e sobre a vida das massas locais, forçando comerciantes a contratarem seus serviços e até eliminando testemunhas.
Exemplo é um dos grupos mais antigos do estado, comandada por “Binho Galinha”. A corja realizava agiotagem, lavagem de dinheiro e roubo de automóveis.
Com o marcante número de 1.464 pessoas assassinadas pela polícia em média, um aumento de quase 300% em oito anos, junto à diversas organizações paramilitares que atuam em conluio com o genocídio contra as massas que é realizado na Bahia e no Brasil, cada vez mais a podridão do velho Estado e suas instituições repressivas são expostas ao povo de forma escancarada.
Digno de nota é que não se trata de um caso delimitado à Bahia. No Rio de Janeiro, onde a atuação desses grupos paramilitares no controle territorial, restrição de direitos às massas que ali vivem e imposição de violações como a cobrança de taxas ilegais é generalizada, os vínculos destes com a Polícia Militar também são extensos e amplamente conhecidos.
No último ano, casos exemplares do vínculo das forças repressivas oficiais do Estado com os grupos paramilitares que atuam como força auxiliar de repressão foram registrados: foi o caso do PM Rafael Nascimento Dutra, foragido após o lançamento de uma investigação que visava seu envolvimento como chefete de um grupo paramilitar; também do outro PM Anderson Orrico, envolvido com grupos de extermínio e que, apesar das provas, ainda trabalhava na corporação, na função de recrutamento de novos militares; por fim, de Márcio Araújo de Souza, PM que, apoś investigado por envolvimento em execuções e jogo do bicho, foi reintegrado à polícia.