Helicóptero foi usado em ação de guerra feita pela polícia contra camponeses na Bahia. Fotos: Comitê de Apoio ao AND
Na madrugada do dia 25 de novembro, aproximadamente 700 famílias camponesas que viviam desde 2007 nos acampamentos Abril Vermelho, Acampamento Dorothy e Acampamento Irany, nos municípios de Casa Nova e Juazeiro, foram despejadas violentamente numa ação de guerra promovida pelo Comando de Operações Táticas (COT), a Coordenação de Aviação Operacional (CAOP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Militar (PM).
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Durante a invasão, que teve início às 4h30 da madrugada, os policiais e paramilitares agrediram trabalhadores com spray de pimenta e devastaram as casas e plantações. Eles destruíram ainda uma escola usada pela comunidade que atendia mais de 100 crianças e adultos matriculados em três turnos diários. Há denúncias de camponeses feridos e uma criança de 3 anos de idade ficou com hematomas pelo corpo.
Camponês ferido em despejo violento. Foto: MST
“Chegaram atirando, tem um companheiro baleado na cabeça!”, afirmou uma testemunha. Entidades democráticas e apoiadores foram impedidos de chegar ao local para prestar auxílio.
O ataque atingiu a área que possui mais de 1,7 mil hectares (19 lotes). A produção das famílias é fundamental para a geração de empregos nas cidades próximas. Em toda a região, os camponeses produziam mais de 7 mil toneladas de alimentos por ano, o que gera trabalho e renda para mais de 5 mil famílias.
Em 2012, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) entrou com uma ação judicial afirmando ser proprietária da área que seria destinada a um projeto de irrigação. De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), o projeto foi abandonado há anos, sendo essa a razão para os camponeses produzirem na área.
Moradias de camponeses são demolidas. Foto: MST