Uma operação realizada pela polícia civil de Jerônimo Rodrigues (PT) em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, no dia 27 de setembro, deixou duas pessoas mortas. Com os novos assassinatos, o número de pessoas mortas somente no mês de setembro pelas tropas de repressão do estado da Bahia em favelas e bairros pobres chegou a 52.
No dia 26/09, um dia antes da mais recente operação, outras cinco pessoas foram assassinadas e duas ficaram feridas na zona rural de Acajutiba (BA) durante uma incursão da Polícia Militar (PM). No mesmo dia, em Brasília, o governador Jerônimo Rodrigues afirmou que seu governo manterá a firmeza nas operações e que “a inteligência trabalhou e tem trabalhado com uma capacidade intelectual muito forte” no curso das operações. O monopólio de imprensa, justificando os assassinatos e reforçando o alegado pelo governo reacionário de Rodrigues, levanta antecedentes criminais e enquadra todos os mortos enquanto “suspeitos”.
Dos 52 assassinados na Bahia em setembro, todos foram classificados como “autos de resistência”, qualificação que quadruplicou desde 2015. Foram mortas 32 pessoas em operações policiais em Salvador, sete em Porto Seguro, cinco em Crisópolis, cinco em Acajutiba, duas em Lauro de Freitas e uma em Dias D’Ávila.
Guerra contra os pobres mascarada de ‘guerra às drogas’
Em todas as operações, quantidades mínimas de armas e drogas foram apreendidas, elemento que revela a falsidade da justificativa do governo baiano de que as operações são parte da “guerra às drogas, ao crime e às armas”, conforme afirmou Jerônimo Rodrigues em entrevista no dia 27/09. É, na verdade, a manutenção da guerra reacionária contra o povo, estabelecida como forma de prevenir levantes e mobilizações por melhores condições de vida e direitos básicos negados.
Na operação que ceifou a vida de cinco de pessoas em Acajutiba, foram apreendidos três revólveres, uma espingarda artesanal, uma pistola e um rifle, número gritantemente baixo se comparado aos danos causados às massas populares que vivem nas regiões atingidas pela operação. Dias antes, em uma operação que deixou seis mortos em Águas Claras, os policiais apreenderam uma arma e R$ 8 mil, além de “porções de drogas”.
A violência reacionária na Bahia
A onda de violência reacionária que acomete o estado da Bahia – do campo à cidade, de grupos delinquentes às tropas oficiais de repressão, e que causa alarme no monopólio de imprensa, representa a derrocada do gerenciamento oportunista no estado, que completará 20 anos ao fim do mandato de Jerônimo Rodrigues.
As promessas falidas e nunca cumpridas de melhorias na vida das massas, na educação, saúde e emprego, assentam as bases de aprofundamento da precarização dos meios de vida e de sobrevivência, empurrando milhares de pessoas para a pobreza e para a delinquência. Por outro lado, a cotidiana violência policial de combate às massas faveladas e empobrecidas serve para condicionar a vida dessas pessoas num estado de terror constante para que estas não se rebelem com as mazelas que as assolam.
A guerra que a polícia de Jerônimo Rodrigues tem promovido não vai diminuir as causas da violência na Bahia, mas sim irá recrudescer a violência reacionária contra os pobres.