BA e PE: Famílias fecham avenida e protestam em hospital contra falta de leitos

BA e PE: Famílias fecham avenida e protestam em hospital contra falta de leitos

Família bloqueia avenida em Salvador exigindo vaga em hospital para parente. Foto: Reprodução

No dia 11 de agosto, duas famílias diferentes, uma em Salvador (BA), outra em Petrolina (PE), realizaram protestos em suas cidades contra a falta de vagas nos hospitais e leitos na UTI. A família de Salvador bloqueou com pneus em chamas a Avenida Luís Viana Filho, que levava ao aeroporto, após seu parente ter seis paradas cardíacas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e mesmo assim não conseguir vaga para internação em um hospital. A outra família protestou em frente a um hospital em Petrolina após sua filha de 13 anos morrer na espera por um leito na UTI.

Família não se conforma com falta de vaga e bloqueia avenida

A família do paciente Felipe Cruz de Aquino não se conformou com a falta de vaga para internação no hospital e bloqueou no final da tarde, em horário de pico, uma importante avenida em Salvador, conhecida como Avenida Paralela, que ruma ao aeroporto da cidade.

O protesto ocorreu após o seu parente ir a uma UPA no período da manhã, onde teve seis paradas cardíacas enquanto esperava até o final da tarde uma vaga para ser internado em hospital.

Não há detalhes sobre se o paciente conseguiu a internação ou sua atual condição de saúde.

protesto em hospital após morte de menina de 13 anos em espera por leito na UTI

Familiares e amigos da adolescente Maria Eduarda fizeram protesto em frente ao Hospital Dom Malan, em Petrolina. Foto: Reprodução / TV Grande Rio.

Familiares e amigos da adolescente Maria Eduarda Delmondes realizaram um protesto em Petrolina, onde caminharam da Praça 21 de Setembro até o Hospital Dom Malan (HDM) IMIP, onde no dia 06/08 a menina de 13 anos morreu, enquanto aguardava por um leito de Terapia Intensiva (UTI).

Maria Eduarda deu entrada no dia 6 de julho no Hospital Dom Malan. Na unidade, a adolescente passou por três cirurgias e acabou adquirindo uma infecção. No dia 03/08, a situação se agravou e ela entrou na lista de espera por um leito de UTI na rede Peba, composta por 53 municípios de Pernambuco e Bahia, mas a vaga não chegou a tempo.

A mãe da adolescente, Maria Dulce Delmondes, falou sobre como tem sido após a morte da filha: “[O coração] está só o bagaço, destroçado mesmo”, diz. A família de Maria Eduarda também denunciou as condições que teve de enfrentar no hospital, que está sucateado: “Na sala vermelha, eu abanava minha filha com papel, porque o ar-condicionado é quebrado. Tinha muitas vezes que a gente ia tomar água, e não tinha água para beber lá dentro. É desumano, muito desumano. Sei que não vou trazer minha filha de volta, infelizmente não vou, mas vai impedir que outras mães venham a chorar”.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou, cinicamente e isentando-se da culpa, que o hospital em questão “possui 10 leitos de UTI, sendo 6 neonatais e 4 pediátricos para atender uma população de 53 municípios da Rede PEBA”, como se esse número claramente insuficiente, não estivessem nas mãos da Secretaria.

Velho Estado condena povo à morte com sucateamento da saúde pública

Não é de hoje que a saúde pública e gratuita no Brasil é atacada. Para os governantes e burocratas do país, que só enxergam o povo quando é ano de eleição, a saúde pública é um “benefício” do governo ao povo, que como qualquer outro, pode ser retirado, precarizado, até que fique restringido aos que podem pagar por planos de saúde, ainda assim de péssima qualidade em muitos casos. De acordo com a Associação Brasileira de Economia da Saúde, o número médio de procedimentos ambulatoriais por habitante caiu 12% entre 2015 e 2019. 

Um levantamento do Conselho Federal de Medicina revelou que os governos de Lula e Dilma deixaram de gastar R$ 131 bilhões na Saúde. Do governo Temer (2016 – 2019) até o atual governo, os cortes já acumulam o valor de R$ 36,9 bilhões. Temer, na época, foi responsável por aplicar o macabro Teto de Gastos Públicos, que congelou as despesas do Governo Federal por até 20 anos. Nisso, se incluiu a Saúde. 

No mesmo caminho de genocídio contra o povo, em plena pandemia, o governo militar de Bolsonaro e generais cortou o financiamento de ações sanitárias contra a pandemia. Houve uma redução de 79% nos gastos, em comparação com 2020.

No mês passado, o Ministério da Economia anunciou que o bloqueio adicional de R$ 6,73 bilhões para cumprir o teto de gastos deve ser nos Ministérios da Saúde e da Educação. O burocrata sanguessuga secretário do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, disse, cinicamente, que “é natural que os bloqueios venham desses ministérios, pois são as pastas de maior orçamento”. Enquanto isso, Bolsonaro empanturrava os bolsos dos parlamentares de dinheiro com o Orçamento Secreto, lançando às cucuias o “teto de gastos”. 

O mesmo secretário afirmou que o orçamento para 2023 terá cortes na saúde e na educação, dando como motivo o Auxílio Brasil. Estão retirando tudo do povo e dando míseros R$ 600. Atualmente o mínimo para suprir dignamente as necessidades de uma família brasileira passa dos R$ 5 mil, de acordo com o cáculo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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