BA: Encontro de mães exige justiça por filhos assassinados pelo velho Estado

BA: Encontro de mães exige justiça por filhos assassinados pelo velho Estado

Mulheres e familiares de vítimas da violência de Estado, no Brasil e Colômbia, se reuniram para o III Encontro Internacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo de Estado, que ocorreu entre os dias 17 e 20 de maio, em Salvador, para exigir justiça nos casos de jovens mortos pelas mãos da polícia. “Para as mães que tiveram seus filhos assassinados brutalmente, maio representa o mês de luta em memória das vítimas e da busca por justiça e responsabilização do Estado pela política de terrorismo que vitimiza nossos filhos, quase sempre negros e pobres”, afirma Rute Fiúza, uma das organizadoras do evento.

Entre os temas de discussão do encontro estavam: a criação do Fundo de Reparação Econômica, Psíquica e Social aos Familiares por parte do Estado; aprovação de projeto de lei que visa a criação da Semana Estadual de Luta das Mães e Familiares Vítimas da Violência do Estado no mês de maio, entre outras pautas.

“O Encontro da Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado tem o objetivo de fortalecer a luta por justiça daqueles que perderem seus familiares, dando visibilidade às violações de direitos perpetradas pelo Estado, além de ser um momento de troca de experiências entre os familiares, que vivem o cotidiano da ameaça e da repressão, e buscam a construção da memória de seus filhos.”, lembra Rute Fiúza.

No Brasil, uma das articulações mais conhecidas é o Movimento Mães de Maio, criado para mobilizar familiares e amigos das vítimas da chacina de maio de 2006, e continuou expandindo sua atuação para organizar mais mães que perdem seus filhos pelas mãos da polícia. Considerada a maior chacina do século XXI e provavelmente a maior do país, a tragédia de maio de 2006 foi um episódio em que em que ao menos 564 pessoas foram assassinadas por policiais em São Paulo. Entre elas, 400 jovens pretos e pobres. Mais de dez anos depois, apenas um agente da repressão foi responsabilizado pelo crime, que responde, atualmente, a recurso em liberdade e continua atuando como policial militar.

Cerca de 21,9 mil pessoas foram mortas pelas polícias de todo o país entre 2009 e 2016, de acordo com os dados subestimados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Rio de Janeiro sozinho conta com mais de 16 mil pessoas assassinadas de 1997 até hoje, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Na Bahia, 1.759 pessoas foram assassinadas entre 2012 e 2016. Em São Paulo, no mesmo período, foram 4.004 homicídios decorrentes da ação policial.

Apesar de altos, esses números não chegam sequer a incluir os milhares de “desaparecimentos” promovidos pelos agentes do Estado em todo o país. O movimento de mães e familiares tem tomado rumos cada vez mais combativos frente ao incremento da guerra civil reacionária contra o povo pobre.

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