Luiz Caetano (PT) foi eleito, no último domingo (27), como prefeito de Camaçari, cidade do interior baiano. A vitória do petista foi bastante acirrada, tendo saído vitorioso por uma diferença de apenas três mil votos em relação ao seu adversário Flávio Matos (União). Ambas as facções políticas empregaram o crime eleitoral como tática oficial e regular em suas campanhas.
Entre os crimes de Flávio Matos, destaca-se que no dia 26 de outubro, este foi flagrado coagindo funcionários da empresa Naturalle, responsável pela coleta de lixo e varrição no município, durante uma ação em Arembepe. Tal ação criminosa foi facilitada pelo fato que o atual prefeito, Elinaldo (UNIÃO), é um apoiador da campanha de Flávio.
Flávio foi acusado ainda de ser responsável pela invasão do comitê do presidente do PT municipal e até pelo sequestro de uma apoiadora de campanha de Luiz Caetano.
Agressões ao povo e boicote eleitoral
Por outro lado, o uso da Polícia Militar da Bahia, governada por Jerônimo Rodrigues (PT), para intimidação eleitoral e perseguição de opositores políticos também foi amplamente denunciada. Ou seja, enquanto Flávio contou com a anuência do atual prefeito; Luiz Caetano teve ao seu lado o governo do estado.
A situação chegou a tal ponto que policiais foram flagrados agredindo eleitores de Flávio Matos e atirando para o alto em frente à Escola Municipal Hildebrando Lima Filho, no bairro Parque das Mangabas.
De acordo com os vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver os momentos onde um PM dá um chute na barriga de um eleitor de Matos, que chega a se desequilibrar e cair no chão. “Vai atirar, é?”, diz uma das pessoas que acompanham a abordagem. “O cara não fez nada, rapaz”, grita uma outra.
O rechaço dos camaçarienses diante do circo utilizado para reprimir massas e colocar povo contra povo ficou expresso no boicote eleitoral na cidade, que chegou a mais de 47 mil pessoas, considerando abstenções, nulos e brancos – o que corresponde a 23% do eleitorado. Para uma cidade pequena, em que há uma maior pressão das oligarquias locais sobre o eleitorado, este é um número considerável.
Farinha do mesmo saco
O atual prefeito Antônio Elinaldo Araújo faz duras acusações contra seu opositor, porém esquece sobre seu próprio passado, já tendo sido preso em uma operação contra o jogo do bicho em 2015. Luiz Caetano, eleito, também foi preso em 2007 pela Polícia Federal sob a acusação de envolvimento em fraudes em licitações e desvio de recursos públicos federais.
Em uma cidade em que os políticos da velha ordem corporativizam massas em seu enfrentamento por um lugarzinho confortável dentro da câmara e da prefeitura, não há solução senão o boicote eleitoral e a luta independente e combativa para garantir os direitos do povo.
“Também disse: meu irmão
Se liga no que eu vou lhe dizer
Hoje ele pede seu voto
Amanhã manda a polícia lhe bater, podes crer”
– Candidato Caô Caô, Bezerra da Silva