O estudante Gabriel Silva Santos, 23 anos, foi preso nas proximidades do Centro Administrativo da Bahia (CAB), no dia 12/06, enquanto tentava sacar o “auxílio emergencial” em uma agência da Caixa Econômica. O estudante foi abordado por policiais que, segundo ele, já se aproximaram atirando. Em seguida, foi levado para a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos, sem motivo.
“Eles já desceram do carro atirando. Aí eu pensei que era um assalto, joguei meu celular para perto dele [policial] e coloquei minhas mãos atrás da cabeça. Ele disse que era polícia, me algemou, me colocou num canto e falou sobre o carro. Eu não sabia explicar porque não fazia ideia do que era. Eles chegaram a atirar perto do meu ouvido. Nesse momento, eu achei que já tinha recebido um tiro. Pensei que ele iam me executar ali mesmo”, lembra o jovem.
Ele relembra como foi quando esteve na penitenciária: “É difícil estar em uma cela gelada, tendo que queimar plástico e papel, comer com a mão e passar frio. Sei que tem muita gente passando frio, mas você pagar por algo que não fez é um absurdo”.
Sobre a abordagem policial, ele ressalta que foi pego de surpresa e ouviu de um dos agentes que a esposa da vítima do roubo havia reconhecido ele, “apesar do cabelo estar diferente”.
De acordo com os familiares e amigos, Gabriel Santos saiu por volta das 14h do dia 12 para pagar uma conta e sacar um dinheiro no CAB, quando foi confundido com um suspeito, que havia roubado um carro no dia 10/06.
Segundo a família, Gabriel não sabe dirigir e o caso é uma injustiça. Ainda segundo os familiares, o jovem trabalhava como estoquista em uma loja de eletrodomésticos, ele iniciou como menor aprendiz e foi efetivado na empresa mas, por conta dessa crise, foi demitido. Está recebendo seguro-desemprego e “levando a vida” da maneira honesta. Gabriel não tem passagem pela polícia.
A advogada de Gabriel, Natália Petersen, em uma Live na rede social declarou: “A situação de Gabriel é muito complicada e identificamos que ele foi preso por um equívoco que não aconteceria se ele fosse branco”.
Em denúncia feita por juristas, pontuaram que Gabriel é asmático (grupo de risco para a Covid-19) e foi colocado em uma cela superlotada, onde havia seis pessoas com suspeita da doença. Uma das juristas, Maria Eugênia Pinto, falou: “Somatizei forças com a comissão da OAB, coletivos antirracistas, tem cinco profissionais aqui. A cela tem superlotação, são 14 pessoas em uma cela para sete, com seis casos possíveis de Covid-19. Não foi feita a custódia, tem várias irregularidades”, afirmou. Na manhã do dia 14/06, Gabriel foi solto após uma liminar da Justiça, e tomou conhecimento da repercussão do caso.
Familiares e amigos do estudante Gabriel Silva Santos protestaram no domingo, 14/06 após o jovem ser solto. O grupo se reuniu em frente ao Tribunal de Justiça da Bahia, no CAB , o jovem participou do protesto pedindo reparação da justiça.
Foto: Adilton venegeroles